Para 2018, também no cenário de referência, a projeção foi corrigida de 4,0% para 3,3%, flertando com o piso da meta, de 3%. O erro do BC foi ainda pior nas estimativas que levam em conta juros constantes e câmbio Focus. Nessas condições, a autoridade monetária precisou revisar os dados a partir do terceiro trimestre 2017. A inflação calculada para o ano, nesse caso, passou de 3,9% para 3,7%. Os dados de 2018 foram revisados em 0,7 ponto percentual, para 3,5% ao ano.
Erros que custam caros
Na prática, significa dizer que as estimativas do BC para a inflação estão ainda melhores, e isso dará munição para os críticos da política monetária de Ilan Godfajn. Eles passarão a defender um corte ainda mais profundo na taxa básica de juros (Selic). Aqueles que estimavam redução de 1,25 ponto percentual ou de até 1,5 ponto percentual na reunião do colegiado, marcada para 11 e 12 de abril, ganharam argumentos sólidos para cobrar uma flexibilização maior dos juros.
Vários analistas vinham questionando os modelos do BC, que não refletiam a realidade percebida pela maioria do mercado. Os erros mostram que o academicismo do BC passou dos limites. Conhecimento acadêmico é superimportante para ser diretor do Banco Central, mas é preciso manter os pés da realidade. E os do BC, se ressalte, andavam bem distantes da vida real.
O que mais assusta é que, com os erros, o BC pode ter imposto um custo enorme ao país, ao ser extremamente conservador na redução da taxa básica de juros. Se estivesse de posse de números corretos, a autoridade monetária certamente teria cortado mais a Selic. Juros altos demais com economia em depressão só empurram o país para o buraco.
Brasília, 19h23min