Apoiadores de Bolsonaro iniciam movimento contra indicação do subprocurador Augusto Aras

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RODOLFO COSTA

O subprocurador-geral da República Augusto Aras é o nome mais cotado para ser indicado como o próximo procurador-geral da República, admitem ao Blog pessoas próximas do presidente Jair Bolsonaro. Mas um movimento iniciado nas redes sociais pela camada mais ideológica dos eleitores do capitão reformado pode colocar em xeque a indicação: o #ArasnaPGRnão.

O movimento começou por volta das 16h de terça-feira (6/8), de acordo com o horário de publicação da primeira hasthtag. E ganhou força ao longo desta quarta-feira (7/8), chegando a ultrapassar uma marca de 100 interações. A retaliação à indicação de Aras é justificada por apoiadores de Bolsonaro a posicionamentos diferentes dos defendidos pelo capitão reformado.

Em um trecho de uma entrevista ao jornalista Luis Nassif que circula no Twitter, o subprocurador fala sobre corrigir “grandes distorções” do sistema político eleitoral e partidário e comenta sobre uma eleição em 2018 sem “perspectivas de golpe de qualquer natureza, populista, não populista, de elites, de não elites”. No trecho, ele elogia um artigo do escritor e teólogo socialista Leonardo Boff que alertava para os “riscos que nossa democracia está passando.”

Os eleitores de Bolsonaro o pressionam, ainda, por ter sido cotado como uma indicação da ex-presidente Dilma Rousseff ao Supremo Tribunal Federal (STF). Recortes de reportagens de março de 2016 apontam Aras como um dos nomes cogitados pela petista. A tática nas redes sociais é associar o subprocurador como alguém que não compactua com as mesmas ideias de Bolsonaro para que o presidente vete a escolha.

Ataques

A estratégia foi estruturada por lideranças de movimentos de rua. “O nome (para a PGR) é ele (Aras), mas as ruas vão começar a bater nele”, afirmou ao Blog um aliado de Bolsonaro no Parlamento. O objetivo é descartar o subprocurador e induzir o presidente a cogitar outros nomes. O segundo na lista, diz a fonte, é o subprocurador Lauro Cardoso. A subprocuradora Mônica Nicida, bem cotada por alguns no Planalto, não está na lista do presidente.

Outros nomes ainda serão apresentados a Bolsonaro. Nesta quinta-feira (8/8), a deputada Bia Kicis (PSL-DF), vice-líder do governo no Congresso, vai apresentar ao presidente a sugestão de um subprocurador. A parlamentar tentou conversar o assunto com ele na terça-feira (6/8), em São Paulo, mas ele não quis falar no momento, e adiou a conversa para amanhã.

Azarões

Primeiro colocado na lista tríplice da Associação Nacional dos Procuradores da República (ANPR), o subprocurador Mário Bonsaglia corre por fora. A ala ideológica do governo o taxa de desarmamentista e sustenta que ele não tem afinidade com o tom conservador do presidente. O próprio Bolsonaro estaria convencido a não indicá-lo, tão pouco os outros nomes da lista. A atual procuradora-geral da República, Raquel Dodge, também não é cotada.

Vicente Nunes