O presidente de Portugal, Marcelo de Rebelo de Sousa, que ainda tem um ano e meio de mandato pela frente, afirmou que seu maior desejo, depois de deixar o poder, é dar aulas para crianças em vária partes do país.
“Antes de ficar gagá, quero lecionar para crianças. Tenho 75 anos e, depois de encerrar meu mandato, com 77 anos, ainda terei unes três anos para lecionar”, afirmou Rebelo de Sousa, em conversa com jornalistas estrangeiros.
Segundo ele, não lhe passa pela cabeça voltar a trabalhar na imprensa — foi colunista e comentarista político por décadas —, nem ocupar um cargo em uma fundação, que ele adorava. “Não voltarei nem mesmo para o ensino na universidade”, afirmou.
“Admito dar aulas no ensino básico e secundário em alguns pontos do país. Foi um sonho que eu sempre tive, dar aulas às crianças, que é quando se formam. Isso eu gostaria por uns três anos, em escolas do Norte, do Sul, das ilhas”, reforçou.
Rebelo de Sousa assegurou que está preparado para deixar o Poder. “Deve-se saber sair”, assinalou. Ele ressaltou que dois mandatos presidenciais de cinco anos são um tempo longo demais, desgastante fisicamente e emocionalmente.
“Eu sempre defendi um mandato de seis, sete anos, não dois mandatos somando 10 anos. É muito pesado. Isso decorre de quando a Constituição foi feita. O ritmo da vida nos anos de 1970 era outro. Agora, é uma loucura o que acontece de um momento para o outro”, frisou.
Ele afirmou ainda que não pretende viver no exterior. “Tudo o que gostaria de ver, já vi. Poderia até viver por um tempo na Califórnia, onde as universidades são progressistas, o clima é parecido com Portugal, tem bons vinhos e boa comida”, assinalou.
Quanto ao Brasil, disse que já tem no país o filho dele, Nuno Rebelo de Sousa, com o qual cortou relações por causa do escândalo das gêmeas brasileiras, que lhe rendeu uma investigação conduzida pelo Ministério Público. Ele é acusado de favorecer as meninas em um tratamento que custou mais de R$ 22 milhões aos cofres públicos portugueses.
“Ainda é preciso ver como será o Brasil politicamente no futuro”, destacou, lembrando que ficou estarrecido com o desfile de Sete de Setembro que assistiu na Esplanada dos Ministérios em 2022, último ano do governo de Jair Bolsonaro. “Eram alunos de escolas evangélicas, militarizadas, com o alunos a saudar o chefe que estava no palanque”, contou.