Ainda não está fechado o nome do sucessor de Brandão, que estava agoniado para deixar o posto e sem estômago para Brasília. Bolsonaro não quer um executivo de mercado, com a cabeça do atual presidente do BB, para comandar a instituição. O presidente da República quer alguém que abra agências, e não feche, e que tenha trânsito político.
O presidente da Caixa, Pedro Guimarães, que é muito bem-visto por Bolosonaro, justamente por fazer essa administração mais populista, tenta emplacar um de seus aliados, João Dacache, atual presidente da Caixapar, para o lugar de Brandão. Guimarães também apoia o nome de Fausto de Andrade Ribeiro, atual presidente da BB Consórcios. Mas o Centrão também ambiciona o cargo.
Demissão era esperada
A saída de Brandão era esperada há mais de um mês, depois que Bolsonaro o ameaçou de demissão diante da repercussão ruim junto a parlamentares dos planos de demissões voluntárias de 5 mil funcionários e de enxugamento do banco, com o fechamento de 361 pontos de atendimento, sendo 112 agências. O último plano foi aprovado por Guedes e pelo Palácio do Planalto antes de ser divulgado.
A reestruturação do BB foi anunciada em janeiro em meio às negociações do governo com o Centrão para as eleições da Câmara e do Senado. Guedes tentou reverter a decisão, como ocorreu com o secretário especial da Fazenda, Waldery Rodrigues, no ano passado, mas Bolsonaro simplesmente ignorou, e ficou cozinhando o executivo.
Na época, o chefe do Executivo não gostou do que ouviu de parlamentares que estiveram com ele depois do anúncio do programa, que gerou críticas, principalmente, dos integrantes da Frente Parlamentar Mista em Defesa dos Bancos Públicos, que reúne mais de 200 deputados e senadores e vinha se articulando para convocar Brandão para explicar as demissões e o fechamento das agências do BB no Congresso.
Equipe de Guedes se esfacela
Brandão é o segundo presidente do BB a cair no governo Bolsonaro. Indicado pelo presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, o ex-presidente do HSBC em Nova York assumiu o cargo em setembro do ano passado, após seu antecessor, Rubens Novaes, pedir demissão por não conseguir avançar no processo de privatização da instituição.
Esta é a 16ª pessoa da equipe de Guedes a deixar o governo. Há uma queixa generalizada de que o ministro não está conseguindo cumprir as promessas de conduzir uma agenda liberal. Uma delas era arrecadar R$ 1 trilhão com privatizações. Em julho do ano passado, prometia privatizar quatro grandes estatais “em até 90 dias”, mas ficou apenas na intenção.
Brasília, 18h26min