O presidente do Banco do Brasil, André Brandão, quer pressa na sua substituição na presidência do Banco do Brasil. Ele disse ao ministro da Economia, Paulo Guedes, que ficaria no cargo até que o governo encontrasse seu sucessor, mas o fardo está pesado demais.
Segundo pessoas próximas a ele, “acabou o encanto”. Brandão continuará trabalhando, pois não é de jogar tudo para o alto, pois tem a dimensão de suas responsabilidades, sobretudo com os funcionários do Banco do Brasil, que o receberam com tanto entusiasmo.
“Se fosse apenas pelo governo, Brandão já tinha saltado fora”, frisa um interlocutor. O que mais pesou para o presidente do Banco do Brasil colocar o cargo à disposição de Jair Bolsonaro foi a enorme distância de visão entre os dois sobre qual deve ser o papel do BB.
Agenda complicada
Quando Guedes e o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, o convidaram para o cargo, encomendaram uma agenda complicada, de enxugamento, modernização e de um choque de tecnologia no Banco do Brasil. Foi o que colocou em prática assim que assumiu o comando da instituição.
“É uma agenda que nenhum dos presidentes anteriores do Banco do Brasil teve coragem de tocar. O Rubem Novaes não fechou nenhuma agência, sob a alegação de que a política não deixava. O (Paulo Rogério) Caffarelli fechou pontos de atendimento, mas mantinha sempre um em funcionamento em cada cidade, mesmo que deficitário e sem razão de existir”, conta um amigo de Brandão.
O problema é que, ao anunciar o plano de reestruturação do BB, com mais de 5 mil demissões voluntárias e fechamento de agências, veio a reação política, com ameaças de Bolsonaro. Brandão se viu sozinho. Nenhuma autoridade do governo o defendeu publicamente, nem mesmo aqueles que o convenceram a se juntar à equipe econômica.
Mauro Ribeiro Neto na frente
É possível que, diante do forte descontentamento de André Brandão, o governo anuncie ainda nesta semana o nome de seu sucessor. Nas últimas horas, ganhou força a indicação de Mauro Ribeiro Neto, vice-presidente Corporativo do Banco do Brasil, visto como uma solução caseira, mais palatável ao mercado.
Perderam força as indicações de Paulo Henrique Costa, atual presidente do Banco de Brasília (BRB), apadrinhado pelo governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha, agora visto como desafeto pelo Palácio do Planalto, por ter decretado lockdown na capital do país; de Antônio Barreto, secretário-executivo do Ministério da Cidadania; e de Gustavo Montezano, presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e amigo dos filhos de Bolsonaro.
Brasília, 21h01min