Segundo os especialistas, há uma conjunção de fatores que justificam a disparada dos preços da comida. Além de o consumo de alimentos ter aumentado no país durante a pandemia, as compras da China dispararam e há produtos, como o arroz, que tiveram a área plantada reduzida para dar lugar à colheita de soja e milho.
Os economistas explicam que, com a pandemia, muitas empresas da área de alimentos suspenderam parte da produção, mas, quando religaram as máquinas, encontraram uma demanda crescendo mais rápido do que a oferta. Esse descompasso inflou os preços de várias mercadorias, como leite e óleo de soja — esse produto também influenciado pela alta do dólar.
China está comprando tudo o que vê pela frente
A demanda maior por alimentos é uma tendência em todo o mundo, mas ainda mais forte na China, que está repondo estoques. O país asiático, por exemplo, teve que sacrificar quase toda a criação de porcos por causa de uma peste. Agora, enquanto os animais vão crescendo, compra tudo o que há de carne suína disponível no mercado mundial.
Como é produtor de commodities, mercadorias com cotação internacional, o Brasil acaba sentindo mais o choque que vem de fora. Nesse caso, sofre o impacto duas vezes: primeiro, por meio da oferta maior de produtos para exportação e menor quantidade disponível para o mercado interno; segundo, porque todos os produtos são negociados em dólar.
Preocupado com esse quadro, o governo acendeu o sinal de alerta. Conselheiros políticos de Bolsonaro alertaram que, se há um fato que pode minar a imagem de um presidente, é comida cara. Por isso, o Planalto montou um tropa de choque para monitorar a situação do mercado.
Brasília, 18h51min