RODOLFO COSTA
INGRID SOARES
No que depender do ministro-chefe da Secretaria-Geral, Jorge Oliveira, a procuradora-geral da República, Raquel Dodge, será reconduzida ao cargo. Na Presidência da República, o nome dela está bem cotado na “bolsa de apostas”. Justamente pela proximidade entre Oliveira e o presidente Jair Bolsonaro, que chegam a despachar juntos até quatro vezes ao dia. É sabido por todos, contudo, que a palavra final será do chefe do Executivo. Nos corredores do Palácio do Planalto, dizem que, “em 30 segundos, tudo pode mudar.”
As hipóteses de que Dodge estaria fora do páreo por nomear procuradores para atuar em procuradorias regionais é minimizada no Planalto. Por essa razão, a possibilidade de ela ser reconduzida é considerada alta. “Não há nada que ela tem feito que não está sendo alinhado com o Jorge”, afirmou ao Blog um interlocutor. O relacionamento entre os dois vai de vento em popa.
Desde quando Bolsonaro começou a receber indicados para a sucessão da Procuradoria-Geral da República (PGR), Jorge e Dodge se encontraram cerca de 12 vezes até a metade da última semana. De quinta-feira (29/8) a esta quarta-feira (4/9), os dois se reuniram outras quatro vezes, fora da agenda oficial. “Conversaram sobre a recondução e o projeto de abuso de autoridade na quinta, sexta, segunda e hoje”, sustentou uma pessoa próxima.
O alinhamento entre Jorge e Dodge faz o governo acreditar que seja possível ter uma boa proximidade entre o Executivo e a PGR. O Planalto sabe que, uma vez reconduzida, não terá influência para dar pitacos e demais sugestões a nível interno. Mas a expectativa é que o engajamento de agora tenha alguma crie alguma linha de consonância entre os Poderes.
Opções
O Bolsonaro se sente sem muitas opções. É certo que o presidente não encontrou o perfil ideal que almejava. O que mais se aproxima, dizem interlocutores, é o procurador regional Lauro Cardoso. O histórico militar pesa a favor, mas o fato de não ser um procurador-regional não é bem avaliado no Supremo Tribunal Federal (STF) — ainda que seja alguém respeitado no Ministério Público Federal (MPF).
O subprocurador-geral Antônio Carlos Simões Soares também ainda é bem cotado. Um que estava em alta na “bolsa de apostas” e perdeu fôlego junto ao Planalto é o subprocurador-geral Augusto Aras. Por mais que Bolsonaro pregue, da boca para fora, a autonomia e independência entre os poderes, ele deseja ter o mínimo de influência junto ao PGR. Algo que, apoiado por Oliveira, ele encontrou na Dodge, mas não em Aras.
A verdade é que Bolsonaro não conseguiu encontrar o perfil ideal. Alguém alinhado com os posicionamentos defendidos por ele e respaldados pelos auxiliares mais próximos. Tanto é que, na tarde desta quarta, a informação que percorre no Planalto é que Bolsonaro pode deixar para fazer a indicação na próxima semana, mesmo internado após a realização da quarta cirurgia a qual será submetido, em São Paulo.