ROSANA HESSEL
O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo-15 (IPCA-15), conhecido como a prévia da inflação oficial, registrou alta de 0,58% em janeiro, conforme dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta quarta-feira (26/01).
O dado ficou acima das estimativas do mercado (em torno de 0,44%), mas representou uma desaceleração de 0,20 ponto percentual à variação do mês anterior, de 0,78%, nos 30 dias encerrados na primeira quinzena de dezembro, A elevação foi impulsionada pela alta de 0,97% no grupo de alimentação e bebidas, que representou quase metade — 0,20 ponto percentual — da variação do IPCA-15 do primeiro mês de 2022. A taxa apresentou aceleração sobre a elevação de 0,35% em dezembro.
Conforme dados do IBGE, as maiores altas nesse grupamento vieram da cebola (17,09%), das frutas (7,10%), do café moído (6,50%) e das carnes (1,15%). Por outro lado, houve queda nos preços da batata-inglesa (-9,20%), do arroz (-2,99%) e do leite longa vida (-1,70%), cujos preços já haviam recuado no mês anterior (-6,46%, -2,46% e -3,75%, respectivamente).
Enquanto isso, transportes — grupo que vinha foi um dos vilões da inflação em 2021 –, registrou queda de 0,41% na variação mensal, que contribuiu em -0,09 ponto percentual no indicador. Foi o único dos nove grupos a ter desempenho negativo, após o salto de 2,31% de dezembro. O destaque ficou com as quedas de 1,78% no preço da gasolina e de 18,21% no custo das passagens aéreas.
Os demais grupos registraram alta. Saúde e cuidados pessoais teve variação de 0,93%; habitação, de 0,62%, vestuário, de 1,48% e artigos de residência, de 1,40%. Os custos para os itens dos grupos educação e comunicação subiram 0,25% e 1,09%, respectivamente.
Nos últimos 12 meses encerrados na primeira quinzena de janeiro, a variação do IPCA-15 foi de 10,20%, abaixo dos 10,42% observados no mesmo período anterior. Em janeiro de 2021, o indicador registrou alta de 0,78%.
Apesar do dado acima das expectativas, o economista-chefe da Necton Investimentos, André Perfeito, manteve a projeção de alta na taxa básica de juros (Selic), atualmente em 9,25% ao ano, para até 11,75% no fim do ciclo de ajuste monetário, iniciado em março de 2021. “Estamos presos numa situação difícil onde dados econômicos ainda vem ruim, hoje por exemplo a Fundação Getulio Vargas (FGV) mostrou que a confiança do setor de Construção recuou, e mesmo, assim a inflação persiste. A solução será por parte do Banco Central continuar a elevar os juros. E nos parece, hoje, que outro ajuste de 150 pontos-base seja inevitável na próxima reunião”, afirmou, em comunicado aos investidores.
A metodologia para o cálculo do IPCA-15 tem como base as famílias com rendimento de 1 a 40 salários mínimos e abrange as
regiões metropolitanas do Rio de Janeiro, Porto Alegre, Belo Horizonte, Recife, São Paulo, Belém, Fortaleza, Salvador e Curitiba, além de Brasília e do município de Goiânia.
Salvador foi a capital com maior variação do IPCA-15 de janeiro, com alta de 1,13% e Brasília registrou a menor entre as 11 pesquisadas, de 0,78%. Seis delas acumulam alta acima de 10% no acumulado em 12 meses: Salvador (11,45%), Recife (10,34%), Fortaleza (10,67%), Goiânia (10,42%), Curitiba (12,80%) e Porto Alegre (10,71%). As demais ainda possuem inflação de um dígito. São elas: Belém (9,36%), Belo Horizonte (9,64), São Paulo (9,77%) e Brasília (9,76%).
O dado acima das expectativas do IPCA-15 desencadeou revisões nas previsões para o IPCA de 2022. Fabio Roma, da LCA Consultores, por exemplo, elevou de 5,5% para 6%, taxas acima do teto da meta deste ano determinada pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), de 5%,