Todos os movimentos feitos até agora indicavam que Bolsonaro estaria no segundo turno da disputa com um candidato da esquerda: o escolhido por Lula ou, com menores chances, Ciro Gomes (PDT). Na visão dos velhos políticos, é difícil prever o que poderá ser um governo do representante do PSL ou de um petista. Então, segundo eles, o melhor é unir forças para barrar o que chamam de desastre.
No caso de Bolsonaro, os partidos do Centrão temem que o capitão do Exército parta para cima de todos. Com o discurso de que combaterá a corrupção, que mandará prender os bandidos, tenderá a dar ainda mais poderes à Polícia Federal e ao Ministério Público. Seria uma espécie de caça “aos maus elementos da política”.
Com o candidato petista, até poderia haver algum diálogo se o escolhido fosse Fernando Haddad, ex-prefeito de São Paulo. Mas todos lembram que o PT está com sangue nos olhos. Quer se vingar de todos aqueles que contribuíram para a derrocada da era petista, mesmo tendo participado de todo o esquema de corrupção.
Nesse contexto, Alckmin aparece como alternativa mais palatável. Ninguém espera dele uma perseguição implacável a políticos. Alckmin pode não atrapalhar a continuidade da Operação Lava-Jato, que todos querem acabar, inclusive Lula, mas também não deverá fazer muito esforço para reforçá-la.
A presença de Alckmin no Planalto é a melhor coisa para o Centrão. Continuará mandando em boa parte do governo, sem ameaças de um “cachorro louco”, como denominam Bolsonaro, ou de petistas enraivecidos. Resta saber se a aposta de DEM, PR, PP, PRB e Solidariedade dará certo. Por enquanto, o tucano é uma promessa que não decolou.
Brasília, 21h01min