Qualquer detalhe ou fala fora do contexto jogará o mercado para cima ou para baixo. Nesta quinta-feira (4 de abril), uma declaração do presidente do PSD, Gilberto Kassab, de que seu partido, que tem 36 deputados na Câmara, não foi convidado pelo presidente Jair Bolsonaro para fazer parte da base do governo, fez estragos.
Essa declaração zerou a alta registrada até então pela Bolsa. Logo depois, porém, o mercado recuperou o fôlego e o Ibovespa, o principal índice de lucratividade do pregão paulista, voltou a subir, na aposta de que os encontros de Bolsonaro com representantes de vários partidos serão proveitosos. Por volta das 11h30, a Bolsa subia mais de 1% e o dólar caia 0,3%.
Empenho
Para os operadores, Bolsonaro precisa entrar com tudo na articulação para a aprovação da reforma. Se o presidente não vestir, de verdade, a camisa em prol das mudanças no sistema previdenciário, dificilmente a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) será aprovada como quer a equipe econômica.
No mercado, afirmam os operadores, ninguém é ingênuo de achar que a reforma será aprovada integralmente, como chegou a Congresso. O que os operadores querem é um projeto que sinalize melhoras nas contas públicas no futuro. Uma reforma entre R$ 600 bilhões e R$ 800 bilhões em 10 anos já será aceitável.
A proposta original do governo prevê economia de R$ 1,1 trilhão em uma década. “Sinceramente, ainda acreditamos que o governo terá sucesso, até pelo bem do país. Mas, depois de todo o constrangimento ao qual foi submetido o ministro da Economia, Paulo Guedes, na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara, é preciso o maior engajamento possível do governo na articulação”, diz um operador.
Brasília, 11h38min