Agora, as reformas

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A vitória de Eunício Oliveira (PMDB-CE) para a presidência do Senado e a provável reeleição, hoje, de Rodrigo Maia (DEM-RJ) para o comando da Câmara dos Deputados abrem uma avenida importante para o governo aprovar as reformas trabalhista e da Previdência Social. Tanto no Palácio do Planalto quanto no mercado financeiro, acredita-se que essa configuração do Congresso permitirá que Michel Temer saia vitorioso em suas propostas, apesar de toda a gritaria contra mudanças tão polêmicas. No entender do presidente da República, sua base ficará mais forte.

A equipe econômica está tão confiante em relação ao andamento das reformas que já fala em encerrar as mudanças no sistema previdenciário até o meio do ano, com as futuras regras valendo para o restante de 2017. Assessores do ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, acreditam que o grosso do projeto da Previdência será mantido no Congresso. Deputados e senadores se limitariam a alterações periféricas, sem mexer na estrutura do que foi encaminhado. “As vitórias de Eunício e Maia confirmam a força do governo no Legislativo e limitam as restrições às reformas”, diz um dos assessores.

A certeza do Planalto em relação ao compromisso de Eunício — eleito com 61 votos — com as reformas se consolidou com o discurso de vitória do senador, que fez questão de, logo no início, elogiar Temer. O parlamentar, por sinal, disse pessoalmente ao presidente da República que, se vencedor da disputa pelo comando do Senado, não mediria esforços para aprovar novas regras para a Previdência e o mercado de trabalho.

Quanto a Maia, o Planalto afirma ter todas as garantias de lealdade dele para levar as reformas adiante. “Ele sabe a importância da aprovação dos projetos do governo. A nossa expectativa é de que o deputado consiga superar todas as resistências às reformas e agilize o processo de votação. Quanto antes as faturas forem liquidadas, melhor”, destaca um integrante do Planalto. “O senador Eunício deve seguir na mesma trilha. Como empresário, ele tem a exata noção dos ganhos que as reformas trarão para a economia, a começar pela queda mais forte das taxas de juros”, acrescenta.

Entre os analistas de mercado, a aposta na aprovação das reformas aumentou. Eles não descartam que algumas mudanças nos projetos sejam aprovadas pelos parlamentares, mas todos estão convencidos de que não haverá alteração no principal ponto da reforma previdenciária: a instituição de idade mínima para aposentadoria de 65 anos. “Com Eunício no Senado e Maia na Câmara, o governo fica mais forte. Por isso, será maior a cobrança dos agentes econômicos para a aprovação das reformas. Não há espaço para decepções em relação a esses temas”, diz um banqueiro.

Brasília, 04h30min

Vicente Nunes