A transferência do afegão para Portugal foi feita dentro da cooperação europeia há um ano. Ele foi acolhido com seus três filhos, de 9, 7 e 4 anos. O homem, de acordo com o ministro, é relativamente jovem e teria tido um bom comportamento desde que pisou em território português. “A comunidade está profundamente consternada por se tratar de um cidadão de boas relações”, assinalou.
Carneiro destacou, ainda, que, diante desse quadro, não havia qualquer sinalização que justificasse cuidados de segurança. Ele fez questão, inclusive, de ressaltar que não é recomendável que se façam “análises precipitadas” e que é preciso expressar uma mensagem de solidariedade à comunidade ismaelita.
A declaração do ministro é uma resposta ao discurso xenófobo do presidente do Chega, de extrema-direita, André Ventura, que acusou o governo português de não tomar as providências necessárias para impedir a entrada de cidadãos perigosos no país. O deputado insiste na suspeita de que o ataque que deixou duas mulheres mortas e um ferido pode ser um ato terrorista. A polícia acredita em ato isolado.
Segundo a polícia, que chegou ao Centro Ismaili um minuto depois de ser acionada, às 10h58, o homem foi detido depois de ser atingindo por um tiro na perna. Ele foi operado e será ouvido ainda nesta terça-feira (28/03). “É preciso agradecer pela rápida ação da polícia”, disse Carneiro, que definiu o crime como terrível.
Pelo relato da Polícia de Segurança Pública (PSP), o afegão portava “uma faca de grandes dimensões” e estava no Centro Ismaili para uma aula de português. Relatos repassados por investigadores apontam que houve uma discussão envolvendo o assassino. O primeiro a ser atacado foi um professor, que, mesmo esfaqueado, conseguiu se descolar para um hospital. Ainda não se sabe o estado de saúde dele.
Saiba mais
O afegão faz parte da comunidade ismaelita, que é xiita. É a única comunidade muçulmana liderada por um Imã vivo, com descendência direta do profeta Maomé, o príncipe Karim Aga Khan. Em todo o mundo, esse grupo conta com cerca de 15 milhões de pessoas. Em Portugal, são aproximadamente 8 mil.