ROSANA HESSEL
Apesar de ter uma projeção mais otimista do que a do mercado para o Produto Interno Bruto (PIB) de 2023, a Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB) prevê queda de 2,3% nas exportações brasileiras no próximo ano, em relação a 2022, para US$ 325,1 bilhões.
De acordo com a entidade, as projeções da balança comercial para 2023 estão sujeitas a fatores que podem provocar oscilações e impactar seus resultados, com maior possibilidade de afetar negativamente, como a desaceleração da economia global, que deverá ser mais forte pelas projeções do Fundo Monetário Internacional (FMI).
O presidente da AEB, José Augusto de Castro, mencionou como motivos desse cenário mais desfavorável os aumentos dos juros nos Estados Unidos e na União Europeia (UE) que devem ajudar a desacelerar a atividade global; o menor ritmo de crescimento da China nos últimos 20 anos, com possível impacto na demanda mundial; a guerra da Ucrânia e Rússia passa por momentos de indefinição, mas com possiblidade de gerar problemas a curtíssimo prazo, que se multiplicam e se irradiam par outros países; e as recentes decisões da UE de estabelecer cobrança sobre importações podem ser entendidas como barreiras e que podem afetar a economia mundial.
“Em 2022, os elevados preços das commodities foram responsáveis pelos resultados apurados, em contrapartida a pequenos volumes. Por isso, tudo indica que no ano de 2003 haverá equilíbrio ou pequenas oscilações, para cima ou
para baixo nas cotações das commodities”, disse Castro. Segundo ele, as commodities continuam mostrando preços atraentes para os exportadores brasileiros, porém, “sem indicação de manutenção deste patamar”. “Nossa expectativa é queda de preços no ano que vem”, frisou.
A previsão de crescimento do PIB para 2023 é estimado em 1,4%, acima da mediana das projeções do mercado, de 0,79%, mas, segundo Castro, “insuficiente para provocar sólido aumento da demanda interna, forte expansão do consumo das famílias e promover sustentável redução do nível de desemprego”.
A entidade estima queda maior nas importações, de 6,2%, na comparação com o volume desembarcado em 2022, para US$ 253,2 bilhões, o que resultará em um superavit comercial de US$ 71,9 bilhões, dado 14,3% superior à estimativa da AEB para o saldo da balança comercial deste ano, de US$ 62,9 bilhões.