O auditor do Tribunal de Contas da União (TCU) que fez o “estudo paralelo” citado pelo presidente Jair Bolsonaro foi alertado por colegas de que estava cometendo um erro ao criar a tese de que as mortes pela covid-19 no país estão “superdimensionadas”.
Esse auditor, que havia se candidatado a uma diretoria de um banco público, insistiu para integrar a secretaria do Tribunal de Contas da União que desenvolve trabalhos de inteligência e de combate à corrupção. Ele foi selecionado. Quando começou a pandemia, fez um novo pedido: ficar responsável pelo acompanhamento de compras com recursos públicos de equipamentos para o enfrentamento da covid-19.
A partir dali, começou a construir o relatório dizendo que os governadores estavam inflando o número de mortes pelo novo coronavírus para obterem mais verbas federais. É o mesmo discurso usado pelo presidente Bolsonaro, que reconheceu que o “estudo paralelo” não é da instituição TCU.
Quando apresentou seus dados, o auditor foi contestado veementemente pelos colegas, que, assustados com as informações falsas, levaram o caso a alguns ministros da Corte. Sabendo que o “estudo paralelo” seria barrado, o auditor entregou a sua tese aos filhos de Bolsonaro e ao presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Gustavo Montezano.
Imediatamente, Bolsonaro tratou de difundir como verdade que metade das mortes por covid no país não existiu. Mesmo reconhecendo que o TCU não chancela essa informações, o presidente insiste no discurso, a ponto de pedir uma apuração por parte da Controladoria-Geral da União (CGU).
O Tribunal de Contas abriu investigação contra o auditor. A determinação dentro do órgão é de puni-lo com rigor, pois um funcionário de um Tribunal de fiscalização deve ter isenção em suas posições e não deturpar fatos para comprovar uma posição política.
Brasília, 15h01min