Acordo do governo com a Cemig fracassa mais uma vez

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Bateu o desespero na equipe econômica. Em reunião nesta quarta-feira, 30, fracassou a nova tentativa da Cemig de ficar com as três usinas hidrelétricas — São Simão, Jaguara e Miranda — que foi obrigada a devolver ao governo. Por isso, segue firme a meta do Palácio do Planalto de fazer os leilões das hidrelétricas no fim de setembro, com os quais pretende arrecadar R$ 11 bilhões. O governo conta com esses recursos para fechar a meta fiscal deste ano, de deficit máximo de R$ 159 bilhões.

A estatal mineira não conseguiu apresentar uma proposta financeira viável para ficar com as usinas e quer novo prazo para apresentar outra proposta. A empresa sequer fechou  uma operação com o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). Em uma análise rápida, o banco não conseguiu montar uma estratégia que bancasse a empresa seja via financiamento, seja via mercado de capitais. O tempo não foi suficiente para estruturar uma proposta, informou o BNDES em reunião da qual participou o ministro do Planejamento, Dyogo Oliveira. Ele deve ouvir uma nova proposta da Cemig em 8 de setembro, depois que voltar de uma viagem à China.

Segundo técnicos do governo, está complicado esperar cair do céu uma proposta que salve a empresa mineira. Por enquanto, o que a Cemig tem em mãos não se sustenta financeiramente. Dificilmente um banco publico ou privado faria aportes na companhia que hoje tem uma alavancagem de 5 vezes o ebitda (fluxo de caixa). Uma operação desse nível elevaria o grau de alavancagem para cerca de oito vezes, o que a tornaria insolvente.

O presidente da Cemig, Bernardo Alvarenga, tem alegado que as três usinas não poderiam ter sido tiradas da empresa pela ex-presidente Dilma Rousseff, porque o contrato de concessão, que estaria sendo desrespeitado, tem cláusula de renovação automática. Para o governo, essa justificativa é muito frágil e, diante do nó fiscal, não dá para fazer mais nenhuma concessão à companhia.

Brasília, 20h15min

Vicente Nunes