ROSANA HESSEL
Apenas as ações da Petrobras e do Banco Brasil já perderam, juntas, R$ 206 bilhões, mais do que o estouro do teto de gastos previsto na Proposta de Emenda à Constituição (PEC) da Transição, de R$ 168 bilhões, de acordo com estimativas de Alexandre Pavan Póvoa, sócio da Meta Asset Mangement.
Uma conta feita por Póvoa, comparando o valor de mercado da Petrobras e do Banco do Brasil na Bolsa de Valores de São Paulo (B3), uma semana antes do segundo turno das eleições presidenciais com o fechamento desta quarta-feira (14/12), revela que as duas estatais perderam R$ 206 bilhões em valor de mercado. “Se formos contar somente a participação do governo nessas empresas, o patrimônio da União encolheu R$ 83 bilhões, desde a proximidade da eleição do novo governo”, destacou.
A PEC, aprovada no Senado e que tramita no Câmara, prevê a ampliaçaõ do teto de gastos em R$ 168 bilhões sem contrapartidas de corte de despesas desnecessárias — que são muitas — e com a justificativa de criar recursos para pagar R$ 175 bilhões para o Bolsa Família de R$ 600 mais R$ 150 reais para cada criança com mais de 6 anos. Contudo, R$ 105 bilhões já estão previstos no Projeto de Lei Orçamentária Anual (Ploa) de 2023. Logo, o valor necessário para garantir o benefício aos mais vulneráveis é menos da metade do que a PEC propõe: R$ 70 bilhões. E, para conceder um aumento real no salário mínimo acima do previsto no
As ações da Petrobras tiveram desvalorização de 35%, o que corresponde valor de mercado, somando R$ 317 bilhões hoje, quando desvalorizou 9,8%, encerrando o dia com a ação ordinária (com direito a voto) valendo R$ 24,30. Em 21 de outubro, a companhia valia R$ 484 bilhões, pelos cálculos do executivo. “Portanto, constata-se uma destruição de valor da ordem de R$ 167 bilhões. Levando em conta que a União detém 37% do capital total da empresa, são R$ 62 bilhões a menos no patrimônio do governo”, informou.
A mesma conta foi feita para as ações do BB, que valia R$ 128 bilhões, em outubro e, agora, R$ 89 bilhões. Portanto, a perda no mesmo período foi de 30%, o equivalente a uma destruição de R$ 39 bilhões em valor de mercado. “Levando em conta que a União detém 52% de ações da empresa, isso significa R$ 21 bilhões de perda”, afirmou.