RODOLFO COSTA
O PSL se mobilizou em peso para conversar com o presidente Jair Bolsonaro nesta quarta-feira (28/7) e pedir vetos a 10 trechos ao Projeto de Lei (PL) 7.596/2017, que define 37 situações que configuram crimes de abuso de autoridade. Na votação na Câmara, 41 dos 83 votos contrários ao pedido de urgência para a votação da matéria foram da bancada. No entanto, abuso de autoridade à parte, a legenda se mostra pouco combativa em relação a outros temas. Leituras feitas por parlamentares até de outros partidos identificam a deputada federal Carla Zambelli (PSL-SP) como uma voz quase solitária na sigla.
Desde a aprovação da reforma da Previdência na Câmara, a Casa passou a assumir um protagonismo ainda mais relevante — e, para muitos, acima do governo. Dentro do próprio PSL, há quem avalie o clima com naturalidade, fruto da autonomia e independência do Congresso. O crescimento do Parlamento nesse período, no entanto, preocupa os aliados mais fiéis ao governo. Esses identificam os movimentos políticos dentro do Legislativo como um processo que pode escantear a agenda governista.
O pacote anticrime do ministro da Justiça, Sérgio Moro, está entre as percepções de desidratação da pauta do governo. Os pesselistas notam, mas evitam fazer um alarde. A votação do projeto de abuso de autoridade abateu a maioria dos partidos e ligou o sinal vermelho. Os deputados perceberam que, hoje, mal tem 100 votos para defender propostas do governo ou projetos de interesses convergentes. O Blog monitorou as redes sociais de deputados federais do PSL e notou que Zambelli é, de fato, uma das únicas que abre o verbo.
Azedou
Nas manifestações de ruas no último domingo (25), por exemplo, a parlamentar chegou a peitar ninguém menos que o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ). Em um vídeo postado em seu Twitter, ela se queixa sobre as mudanças feitas ao pacote anticrime. “Esse grupo de trabalho, o qual fiz questão de fazer parte, do pacote anticrime, infelizmente vou dizer a vocês, não está servindo para nada, a não ser tentar desfazer o pacote anticrime. Preciso da ajuda de vocês para pressionar o Rodrigo Maia e dizer: cuide do Legislativo e deixa o Executivo com o presidente Bolsonaro”, declarou.
O enfrentamento a Maia, no entanto, teve um preço. No Parlamento, dizem que a relação entre os dois ficou de mal a pior. Pessoas próximas de ambos dizem que as declarações de Zambelli, feitas em cima de um carro de som, na Avenida Paulista, repercutiram. “Os dois conversaram depois daquilo. O Rodrigo se sentiu incomodado, e a Carla se defendeu. No frigir dos ovos, o pouco relacionamento que tinham azedou de vez”, declarou um parlamentar ao Blog.