A real de Portugal: ultradireita quer criar “estatuto para donas de casa”

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Um grupo ultraconservador de extrema-direita em Portugal, denominado Movimento Ação Ética, vai propor a criação de um “estatuto para mulheres donas de casa”. O argumento é de que “há coisas que só as mulheres sabem fazer”.

Dois dos expoentes desse grupo — Paulo Otero e Bagão Félix — disseram ao jornal Expresso que o objetivo do estatuto é garantir um rendimento às mulheres que “não têm ocupação profissional ou trabalham apenas meio período, porque escolheram cuidar dos filhos”. Mas elas terão de seguir uma série de requisitos.

A proposta, que deve ser apresentada ao governo português no próximo mês, não beneficiará os homens que cuidam da casa, como tem se tornado cada vez mais comum, sobretudo por causa do casamento entre pessoas do mesmo sexo.

Otero já chegou a classificar as relações homoafetivas a uma união entre humanos e animais. Ele também disse não gostar do 25 de Abril, data em que se comemora a Revolução dos Cravos, que devolveu a democracia a Portugal. Para ele, o fim da ditadura salazarista “subverteu os valores que correspondem ao cerne da identidade nacional”.

A dupla Otero e Félix é muita próxima do ex-primeiro-ministro de Portugal Pedro Passos Coelho, integrante do Partido Social Democrata (PSD), do atual primeiro-ministro, Luís Montenegro. Se dependesse de Passos Coelho, o PSD já teria fechado aliança com a ultradireita, representada pelo Chega, a terceira força do Parlamento português.

Nesta semana, ele fez a apresentação do livro “Identidade e Família”, organizado por Otero e Félix. A obra contesta a lei do divórcio e a que instituiu o casamento entre pessoas do mesmo sexo, além de atacar a identidade de gênero.

Vicente Nunes