O presidente Marcelo Rebelo de Souza assinou, nesta segunda-feira (15/01), decreto em que dissolve o Parlamento e convoca eleições para 10 de março. “Agora, é com povo”, disse, referindo-se à nova votação popular para a Assembleia da República.
A decisão de dissolução do Parlamento foi anunciada em 9 de novembro, quando Rebelo de Souza aceitou, oficialmente, o pedido de demissão de António Costa, do Partido Socialista (PS). Ele foi citado na Operação Influencer, que apura indícios de corrupção no governo.
O presidente tomou a decisão solitariamente, depois de o Conselho de Estado não chegar a um consenso sobre a convocação antecipada de eleições. Houve empate entre os integrantes do órgão consultivo da Presidência da República de Portugal.
À época, António Costa chegou a propor que ele fosse substituído por outro representante do PS, para que o governo, que tinha maioria absoluta na Assembleia da República, pudesse continuar seu trabalho, sem transtornos. Mas Rebelo de Souza recusou.
O presidente e a extrema-direita
Os críticos do presidente afirmam que, com a dissolução do Parlamento e a convocação de eleições antecipadas, ele ajudou a acirrar os ânimos da política interna e fortalecer a ultradireita, que tem hoje a terceira bancada do Parlamento.
A extrema-direita em Portugal tem o apoio de boa parte dos brasileiros que vivem, trabalham e estudam no país. Esses cidadãos oriundos do Brasil são, em maioria, evangélicos, têm dupla cidadania e integram as classes média e alta,.
O apoio dos brasileiros ao Chega ocorre mesmo diante de uma das principais plataformas do partido ser a expulsão de estrangeiros de Portugal. Militantes da legenda são abertamente xenófobos e alguns chegam a se declarar fascistas.
Pelas mais recentes pesquisas de intenção de votos, o Chega tem entre 13% e 17% da preferência do eleitorado, contra 25% a 28% ostentados pelo PSD, de esquerda, e pelo PSD, de centro-direita.
Contudo, a legenda de ultradireita acredita que passará dos atuais 12 deputados para até 50, tornando-se peça fundamental para alianças que resultarão na maioria que indicará o futuro primeiro-ministro e governará Portugal pelos próximos anos.