A despeito da Operação Influencer, que derrubou António Costa do cargo de primeiro-ministro de Portugal, o Partido Socialista (PS) aparece na liderança da primeira pesquisa de intenções de votos divulgada depois de as investigações conduzidas pelo Ministério Público se tornarem públicas. O PS tem 26% da preferência do eleitorado, chegando a 32% na região metropolitana de Lisboa e a 42% no Sul do país e nas ilhas. O levantamento foi feito pela TVI/CNN.
Em segundo lugar, aparece o Partido Social Democrata (PSD), com 25%, seguido pelo Chega, da ultradireita, com 17%, dez pontos percentuais acima dos votos conquistados nas eleições do ano passado. Foi o maior crescimento entre todas as legendas, com forte apoio no Norte e no Centro de Portugal. O Bloco de Esquerda e a Iniciativa Liberal também subiram, para 8% (ante 4,40% de 2022) e 6% (contra 4,91%), respectivamente.
É verdade que, mesmo liderando a pesquisa, o PS está muito longe dos 41,37% que lhe garantiram, no ano passado, maioria absoluta na Assembleia da República e o comando do governo. O apoio ao partido já vinha derretendo e muitos apostavam que o PSD fosse ocupar o espaço deixado pela legenda de António Costa. Não foi o que ocorreu. O partido liderado por Luís Montenegro também recuou em relação ao tamanho que saiu das urnas em 2022 (27,67%). O maior beneficiário da atual crise política é o extremista Chega, de André Ventura.
A Operação Influencer revelou um suposto esquema de favorecimento por parte do governo a empresas que exploram lítio e hidrogênio verde e à construção de um data center em uma área portuária. Nesta segunda-feira (13/11), a Justiça soltou os cinco suspeitos de irregularidades que estavam presos há uma semana, mas descartou haver corrupção, como apontava o Ministério Público. No máximo, alegou o juiz do caso, houve tráfico de influência.
Mais: o MP admitiu que confundiu, em uma das gravações obtidas por meio de autorização judicial, o primeiro-ministro, António Costa, com o ministro da Economia, António Costa e Silva, aumentando as desconfianças em torno das investigações.
Por causa do escândalo, o presidente de Portugal, Marcelo Rebelo de Sousa, dissolveu o Parlamento e convocou eleições para 10 de março de 2024. A Assembleia da República funcionará até 15 de janeiro. A opção do líder português foi por, primeiro, aprovar o Orçamento do Executivo e só, depois, por fim à atual legislatura.