A Galáxia Gulosa LDA afirma, em comunicado, que as acusações envolvendo a empresa ao trabalho análogo à escravidão em um evento no Parque Tejo durante a Jornada Mundial da Juventude, não condizem com a verdade.
Segundo Ricardo Subtil, que assina como advogado da companhia ligada ao setor de alimentação em Portugal, a notícia “é completamente falsa, difamatória e baseada em factos não verificados”. Ele também pontua que a Galáxia Gulosa desconhece a recrutadora Margarida Matos e refuta a ligação com a YourStore, empresa de marketing digital associada ao número de telefone de onde partiram as mensagens enviadas aos trabalhadores.
Ele culpa empresas terceirizadas por qualquer problema na relação com os trabalhadores. “A Galáxia Gulosa cedeu a exploração e forneceu os pontos de venda a empresas terceiras, sendo o uso dos mesmos e contratação de trabalhadores, unicamente imputável a estas, sendo a Galáxia Gulosa totalmente alheia às referidas explorações”, diz o comunicado.
Matéria publicada pelo Blog em 4 de agosto expõe denúncias feitas por trabalhadores contactados para prestar serviços de bar e como ambulantes em um evento ocorrido nos dias 5 e 6 de agosto no Parque Tejo, em Lisboa.
“A notícia publicada coloca em causa o bom nome e a dignidade da nossa empresa, que existe no mercado desde 2012, participando, anualmente, em praticamente todos os eventos de Norte a Sul do país, sendo sujeita frequentemente a vistorias por parte de SEF, ACT e ASAE e cumprindo toda a legislação em vigor”, reforça o advogado.
Áudios de trabalhadores
Segundo os áudios a que o Blog teve acesso, Margarida Matos, responsável pelo contato com os trabalhadores, afirma que as atividades estavam previstas para começar às 9h manhã de sábado, seguindo até às 21h de domingo, somando um total de 36 horas de trabalho consecutivos em condições totalmente precárias e pagamentos com valores abaixo do permitido pelas leis trabalhistas vigentes no país.
Antes da publicação da reportagem, a jornalista Stefani Costa tentou contato com a empresa Galáxia Gulosa por meio do e-mail disponibilizado no site oficial da empresa, mas a mensagem retornou. Outra tentativa foi realizada para um outro endereço ligado à companhia, no entanto, até o fechamento da matéria não houve qualquer resposta.
Miguel Carvalho, um dos jovens que trabalhou no evento organizado pela Galáxia Gulosa no Parque Tejo publicou um vídeo em seu perfil na rede social TikTok. As imagens mostram que ele e outros colegas (que prestavam serviço naqueles dias) ostentavam crachás com nomes de outras pessoas. Além disso, não tiveram acesso a água, comida ou ao suposto contrato prometido pela empresa, conforme as mensagens publicadas.
O que diz a lei
Entende-se como trabalho análogo à escravidão quando o empregador não oferece condições dignas de trabalho, deixando o funcionário em uma situação humilhante e com jornadas árduas. São quatro as categorias para a definição de trabalho escravo, que podem ser aplicadas de forma mútua ou isolada: condições degradantes, trabalho forçado, jornada exaustiva ou servidão por dívida.