A real de Portugal: denúncias sobre discriminação batem recorde e brasileiros são maiores vítimas

Publicado em Economia

As denúncias sobre discriminação contra imigrantes baterem novo recorde em Portugal. Dados do Ministério Público apontam que, apenas no ano passado, foram instaurados 262 processos, quase quatro vezes mais que o observado em 2019 (73). Os brasileiros são as principais vítimas dos crimes de racismo e xenofobia.

 

Os dados, antecipados pelo Jornal de Notícias, apontam que os portugueses estão aderindo, sem restrições, aos discursos anti-imigração disseminados pela extrema-direita, que definem os estrangeiros que vivem em Portugal como “invasores, ladrões de empregos e integrantes de um movimento disposto a pôr fim à supremacia branca por meio da miscigenação”.

 

Mesmo em locais onde a diversidade deveria ser uma regra, como as universidades, os casos de racismo, xenofobia e misoginia não pararam de crescer. Estudantes brasileiras têm denunciado assédio por parte de professores, que retiram notas das alunas sob a alegação de que não se fala português no Brasil. Portanto, todos os textos devem ser escritos em português de Portugal.

 

A xenofobia é tamanha, que, há uma semana, a Universidade do Minho, sediada em Braga, onde a comunidade brasileira é muito significativa, não se intimidou em acobertar um estudante português, João Bernardo Mendes. Ele deu um soco na boca e um chute na barriga da brasileira Grazielle Tavares, que estuda com o agressor em um curso de mestrado em Comunicação Social.

 

Apesar dos casos flagrantes de discriminação, o governo português tem ignorado a urgência de enfrentar os problemas no sentido de integrar os imigrantes à sociedade local. Em vez deste gesto, uma vez que Portugal necessita de mãos de obra estrangeira, a nova administração, liderada por Luís Montenegro, de centro-direita, anunciou que vai impor contas para a imigração.

 

Especialistas no tema, como a antropóloga Rita Cássia Silva, vêm alertando para os riscos do aumento da intolerância aos imigrantes em Portugal, sobretudo, em relação às mulheres negras. Vários casos têm sido relatados às autoridades, mas o silêncio é ensurdecedor. Sem os trabalhadores estrangeiros, que já contribuem com quase 2 bilhões de euros (R$ 11 bilhões) por ano à Segurança Social, a Previdência portuguesa, o país europeu para.