O português João Bernardo Mendes registrou uma queixa-crime contra a brasileira Grazielle Tavares, colocando-se como vítima no caso em que ele é acusado de agressão. O rapaz deu um soco na boca e um chute na barriga de Grazielle, dentro da Universidade do Minho, na noite de terça-feira (28/11), por causa de uma discussão sobre um trabalho pedido por uma das professoras do curso de pós-graduação que ambos estão fazendo. Ele afirma que “apenas reagiu à agressão” que lhe foi desferida pela brasileira.
Por mensagem, João Bernardo diz que estava cansado dos atrasos e da falta de comprometimento de Grazielle e de outra brasileira que está no mesmo grupo de trabalho. Segundo ele, as colegas não respondiam às mensagens enviadas por ele e não cumpriam horários. O português, no entanto, não reclama do outro integrante do grupo, um homem.
“O que se passou foi muito simples: há muito, duas pessoas que não gostaram que eu pedisse que se respeitassem horas combinadas várias vezes, decidiram adotar uma postura de confrontação constante e microagressões para comigo, que eu desvalorizei sempre e tentei desarmar as situações”, relata. “Uma delas já me tinha envergonhado fora da sala de aula em frente a todos os colegas, apontando o dedo em tom acusatório e fazendo juízo do meu caráter, tudo porque, após mais um atraso, eu disse que cagava na reunião, porque ninguém apareceu na hora combinada, o que invalidou qualquer progressão no trabalho”, acrescenta.
Na terça-feira, dia da agressão, uma nova reunião foi marcada e Grazielle chegou atrasada, porque havia se perdido. Ela está há apenas um mês e meio em Braga e não conhece os locais direito. Houve novamente discussão entre os dois. Já na porta da sala de aula, o português, que diz sofrer de ansiedade, conta que olhou para a brasileira, que perguntou por que ele a estava encarando. Ela disse que não tinha medo de cara feia.
No bate-boca, João Bernardo afirma que pediu a Grazielle que não falasse com ele num tom acusatório “porque não era filho dela”. E mandou que ela calasse a boca. A brasileira respondeu que nenhum homem mandaria ela se calar. “Ela começou a apontar novamente o dedo para mim em tom acusatório. Eu disse, agora, cala-te e ouça o que estou a falar. Virei as costas, disse novamente que ela não devia falar comigo naquele tom, pois não era filho dela, mandei-a para o caralho. Fui ofendido”, ressalta.
Ele diz, ainda, que não aguentou mais e afirmou que Grazielle “não valia nada como pessoa”. E se afastou. Mas ouviu outro grito: “Portuga de merda, portuga babaca, idiota”. Nesse momento, segundo João Bernardo, ele perguntou: “Afinal, o seu problema comigo é porque sou homem ou porque sou português? Se Portugal é assim tão ruim, os portugueses são tão xenófobos e misóginos, por que vieste e por que que não voltas para o Brasil?”.
Nisso, de acordo com ele, Grazielle teria tentado atingi-lo com um guarda-chuva, o que ela nega veementemente. O português descreve, então, como a agrediu fisicamente: “Ela veio com o guarda chuva no ar, apontado para a minha cabeça. Eu uso óculos. Dei-lhe um pontapé de lado no abdômen com o objetivo de manter a distância e desviar o guarda-chuva. Ela tentou novamente me agredir e dei lhe um murro direto na boca”.
João Bernardo tenta minimizar o impacto do soco. “Não foi nenhum cruzado, para não colocar força desnecessária em locais que pudessem constituir lesões mais complicadas, nomeadamente um maxilar deslocado”, diz. Ele acrescenta que viu Grazielle cair lentamente e se levantar chamando-o de agressor de mulheres. “Ela se vitimizou perante as pessoas que saíram das salas de aula com os gritos dela.”
O português garante que, em nenhum momento, tentou fugir do local, esperou a polícia chegar, mas não foi detido. Agora, destaca, o caso será resolvido pela Justiça. A Universidade do Minho abriu um processo disciplinar para apurar o caso.