Muitas dessas pessoas têm pedido ajuda para retornar ao Brasil, mas, por estarem há menos de três meses em Portugal, tempo em que os turistas podem ficar legalmente no país, não são elegíveis para o programa bancado pela Organização Internacional para as Migrações (OIM), das Nações Unidas. Para não ficarem na rua, esses brasileiros estão sendo encaminhados para abrigos bancados pela Santa Casa de Misericórdia. “São situações dramáticas “, diz uma atendente de uma das instituições que dão suporte a brasileiros.
Os relatos apontam que os brasileiros cruzam o Atlântico certos de que Deus resolverá tudo, caso dificuldades apareçam. A fé, no entanto, esbarra numa realidade cruel, de falta de planejamento para a mudança de país e de ilusão de que empregos estão caindo do céu e que alugar um imóvel é questão de dias. Não é. Além da burocracia portuguesa, os valores dos aluguéis estão proibitivos nos grandes centros urbanos e mesmo em cidades menores.
Há outro problema seríssimo: a falta de documentação daqueles que ultrapassam os três meses de autorização de permanência em Portugal para turistas. Prestes a ser extinto, o Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF) não consegue dar conta de atender todos os pedidos. As consequências são terríveis, pois, na ilegalidade, os brasileiros caem no subemprego, se enfiam em moradias insalubres e, muitas vezes, têm de escolher entre almoçar ou jantar. Isso, quando não passam dias comendo pão com manteiga.
A recomendação das autoridades é para que os brasileiros que realmente desejem migrar para Portugal que o façam com cautela e muito planejamento. Viver no país europeu está muito caro, principalmente a habitação. Não pode uma família vender tudo o que tem no Brasil acreditando que terá boas condições de vida em território luso. Há, sim, oportunidades de trabalho em Portugal, mas, sem a documentação adequada, as chances de trabalho de tornam miragens.