Um corretora contou ao Blog que, recentemente, uma família de brasileiros que se mudou dos Estados Unidos para Portugal ofereceu um ano de aluguel adiantado e o dono do imóvel perguntou se o dinheiro era roubado.
O susto foi tamanho, que o negócio não prosperou. Duas semanas depois, a mesma família fechou um contrato para se acomodar, mas o gosto amargo da experiência anterior continua.
Portugueses caloteiros
Segundo o corretor José Xavier, infelizmente, há um histórico ruim de brasileiros. “Os bons pagam pelos maus”, afirma. “Teve gente que deixou o imóvel destruído, depois de muitas festas, churrascos, pagodes”, conta.
Ele ressalta que, recentemente, um jogador brasileiro que se transferiu para Portugal tentou alugar uma mansão em Cascais, uma das regiões mais caras de Portugal. Mas o proprietário se recusou a fechar negócio porque o interessado era brasileiro e jogador, que adora um pagode.
Para a corretora Lília Emediato, a resistência em relação aos brasileiros é muito mais por preconceito, por uma visão distorcida, do que porque sejam maus pagadores. “Se olharmos para a realidade, os portugueses são mais caloteiros”, afirma.
Pechincheiros
Além da fama de festeiros, os brasileiros ainda carregam o pecha de serem pechincheiros. Começam logo a conversa pedido descontos nos aluguéis. Isso irrita os portugueses e ainda os coloca em desvantagens ante a escassez de imóveis.
Xavier diz que, quando aparecem casas e apartamentos de um quarto com aluguel por volta de 900 euros (R$ 4.950), no mínimo, 200 pessoas entram na disputa. Leva aquele que oferecer as melhores condições.
É importante ressaltar, segundo o corretor, que, pela lei portuguesa, não é permitido pagar mais do que três aluguéis adiantados, aí incluídas as cauções, contudo, sempre há negociações por debaixo dos panos entre alguns profissionais.
Atendimento prioritário
Fundador da Aliança Portuguesa, empresa especializada em imigração, Fábio Knauer abriu, recentemente, a imobiliária Minha Morada, com atendimento prioritário para brasileiros em Portugal
A primeira unidade da empresa foi inaugurada em Braga, onde se concentra uma das maiores comunidades de brasileiros do país europeu. Um segundo escritório já está em funcionamento no Porto e, em breve, o negócio se estenderá para Lisboa.
Knauer acredita que há um amplo mercado para ser explorado em Portugal, onde o arrendamento de casas só ganhou força a partir de 2011, em meio à crise financeira mundial. Naquele período, o país quebrou.
Como os imóveis eram muito baratos e as taxas de juros, baixíssimas, muitos portugueses, mesmo os de classe média, tinham dois ou três casas. Com a crise, muita gente teve de devolver as moradias para os bancos e passou a viver de aluguel.
Agora, com juros subindo, esse mercado de arrendamento vai crescer, mas, para evitar uma nova explosão de preços, será preciso que os donos de imóveis ganhem mais confiança para colocá-los no mercado e o governo amplie os projetos habitacionais.