Muitas das brasileiras que vivem em Portugal são chefes de família ou os maridos trabalham em outros países. Com isso, enfrentam enormes dificuldades para conciliar o trabalho, quando têm, com a missão de cuidar dos miúdos.
Bianca Ribeiro, 39 anos, deixa esse quadro bem claro em entrevista ao jornal Público. Ela conta que está desempregada e o marido, um inglês, não vive com ela em Portugal. Portanto, ela precisa urgentemente de uma vaga para a filha de apenas um ano.
Segundo Bianca, que não tem família em Portugal, ela perdeu o emprego de analista administrativa porque não conseguiu atender o chamado da empresa, na qual estava há quatro anos, para retornar ao trabalho presencial.
Como ela, que foi a seis creches e está numa lista de espera, outras mães estão à beira do desespero, pois precisam encontrar um local para deixar os filhos, seja para trabalhar, seja para procurar um emprego.
O governo português informa que, apenas nos últimos dois meses, foram disponibilizadas mais 9 mil vagas em creches, totalizando 85 mil disponíveis neste ano. A promessa é de ampliar a oferta em mais 20 mil matrículas até 2026.
As crianças filhas de imigrantes já representam quase 10% de todas as matrículas em creches e escolas públicas de Portugal. Somente no ano letivo que começou neste mês de setembro, 30 mil crianças estrangeiras foram matriculadas em creches e na primeira etapa de ensino. Delas, mais de 15 mil são brasileiras.
Segundo o Instituto Nacional de Estatística (INE), no ano passado, quase 17% das crianças nascidas em Portugal eram filhas de imigrantes, a maioria, de pais brasileiros.