O Comitê Popular de Mulheres em Portugal recorreu ao Ministério das Mulheres no Brasil para tentar uma interlocução com o governo português a fim de que medidas sejam adotadas para conter a violência de gênero em território luso.
Estão cada vez mais frequentes os casos de agressões contra mulheres brasileiras, muitas vezes, chamadas de putas, prostitutas e ladras de maridos. A violência, que até bem pouco tempo se restringia a palavras, agora, é física, escancarando a xenofobia e o racismo.
Nesta segunda-feira (26/02), tornou-se pública a agressão contra uma brasileira de apenas 14 anos. Ela foi brutalmente espancada na porta da escola em que estuda por uma portuguesa da mesma idade. Curiosamente, a agressora é filha de uma brasileira.
No fim de janeiro último, a mineira Thaís Nery, 37 anos, dos quais 16 em Portugal, foi estapeada e jogada para fora de uma hamburgueria da moda em Lisboa simplesmente porque pediu o livro de reclamações para registrar uma queixa sobre o atendimento no local.
Os donos da hamburgueria, os espanhóis Juan e Luís Castilho, a pegaram pelo braço e a arrastaram para o lado de fora do estabelecimento. Antes, Luís ainda deu dois tapas nas costas de Thaís e Juan a chamou de vagabunda. Eles negam a agressão.
Soco e chute na barriga
Em novembro do ano passado, outro caso assustador: o português João Bernardo Mendes deu um soco na boca e um chute na barriga da carioca Grazielle Tavares, 50, por causa de um desentendimento sobre um trabalho de classe do mestrado em Comunicação Social.
A agressão ocorreu dentro da Universidade do Minho, em Braga, Norte de Portugal. Três meses praticamente se passaram e nenhuma punição foi imposta ao português agressor, que continua aprontando com os colegas de classe.
Há uma semana, o embaixador do Brasil em Portugal, Raimundo Carreiro, procurou Grazielle para se inteirar do caso e cobrar uma posição da Universidade do Minho, que continua calada. Todos os prazos dados pela instituição para se posicionar em relação à violência contra a brasileira não foram cumpridos.
Para Evones Santos, fundadora e coordenadora do Comitê de Mulheres, a situação está ficando insustentável. “Apesar da frequência cada vez maior de agressões contra brasileiras, as autoridade tentam minimizá-las, dizendo que são pontuais. É preciso deixar claro que nenhuma violência, contra quem quer que seja, é aceitável. É preciso punição efetiva”, cobra.
A perspectiva, segundo Evones, é de que o Ministério das Mulheres responda ao Comitê nos próximos dias. “Estamos muito confiantes de que algo será feito para que o governo português aja com a rapidez que a situação exige”, assinala.