Grazielle, que é jornalista, está há apenas um mês e meio em Portugal. Ela trabalhava na área de comunicação social da prefeitura de Quissamã, no interior do Rio, e decidiu pedir demissão para se dedicar ao estudo no país europeu. Não imaginava que em tão pouco tempo seria vítima de uma violência simplesmente pelo fato de ser mulher. A agressão ocorreu na noite de terça-feira (28/11), na presença de todos os colegas de classe.
A única a reagir em favor dela foi a professora, que é portuguesa. A docente chamou um segurança da universidade, que, em vez de defender a vítima, ainda perguntou o que ela tinha dito para João Bernardo para deixá-lo tão irritado, no que foi rechaçado pela professora. “Como tem coragem de perguntar isso?”, indagou a docente, completamente inconformada com a cena que foi obrigada a presenciar.
Só depois de muita pressão da professora, a polícia foi chamada para autuar o agressor. Mas os agentes da Guarda Nacional Republicana (GNR) se limitaram a anotar um breve relato da vítima. Sequer levou o agressor para prestar depoimento. Grazielle teve de pedir ajuda a um amigo, o advogado Bruno Gutman, para que a acompanhasse até um hospital para comprovar, por meio de exames, a agressão que havia sofrido.
Jogo de empurra da polícia
A jornalista, o agressor João Bernardo, outra brasileira e um americano foram escalados para fazer um trabalho conjunto para a universidade. Para isso, criaram um grupo de WhatsApp a fim de definirem o tema e o que cada um faria. Desde o início, o português passou a tratar as mulheres de forma agressiva, o que chamou a atenção de Grazielle. Os quatro, então, marcaram de se encontrar na universidade, um pouco antes do início da aula.
Como ainda está recente em Braga, Grazielle acabou se perdendo e se atrasou um pouco para o encontro. Foi o suficiente para que João Bernardo se tornasse ainda mais agressivo. Assim que chegou ao local marcado, a brasileira avisou: “Cheguei”. Imediatamente o português respondeu “Caguei”. A brasileira afirmou que, aos 49 anos, não precisava ouvir aquilo. Todos acabaram se dirigindo à sala de aula.
Grazielle se posicionou, então, do lado de dentro da sala, quase ao lado da porta. O português começou a entrar e a sair do local, sempre encarando a brasileira. Ela perguntou, então, o que estava acontecendo. E ele disse que ela não deveria estar estudando ali. A jornalista respondeu que estava legalizada no país e pagava o curso com o dinheiro dela e que não devia satisfação a ele. Foi quando o português partiu violentamente para cima dela.
A Universidade do Minho já foi comunicada oficialmente do fato, ouviu todos os relatos e prometeu à vítima que seu agressor deverá ser suspenso das aulas. Grazielle foi nesta quarta-feira (29/11) à Polícia de Segurança Pública (PSP) fazer uma queixa formal contra João Bernardo, mas não teve sucesso. Os policiais ficaram num jogo de empurra e a mandaram procurar a GNR, que havia atendido o chamado da universidade no dia anterior.
Procurado pelo Blog, João Bernardo ainda não respondeu às mensagens.