Nem mesmo o repasse de 5 mil euros (R$ 28 mil) pela embaixada do Brasil em Portugal para os blocos, com o intuito de cobrir os custos para a organização dos desfiles, foi suficiente para levantar o astral entre os lutam para garantir a diversão da população.
Segundo Miguel Dores, integrante do Bloco Baque do Tejo, as agremiações procuraram a Câmara de Lisboa para pedir autorização para os desfiles de carnaval, como é praxe na cidade. De posse das requisições, o órgão publico se comprometeu em obter todas as licenças com a Polícia de Segurança Pública (PSP), que cobra uma série de taxas para garantir a proteção dos foliões.
Duas semanas antes do carnaval, porém, nenhuma autorização havia sido dada pela Câmara. Diante do prazo curto para que os desfiles ocorressem, os dirigentes dos blocos questionaram os funcionários do órgão público se não era melhor eles procurarem diretamente a PSP para obter as licenças, fundamentais para se fechar o orçamento para os desfiles
“Mesmo diante da nossa insistência, a Câmara nos informou que se encarregaria de negociar com a PSP. Nesta semana, decidi procurar a PSP para saber o que realmente estava acontecendo. E descobrimos que a Câmara não tinha sequer acionado a corporação. Em algumas unidades da PSP, a informação era a de que os desfiles haviam sido cancelados”, relata Dores.
Ou seja, a Câmara Municipal de Lisboa enrolou os blocos até o final, prometendo algo que não faria e criando falsas expectativas nos dirigentes dos blocos. “Para entender tudo, é preciso lembrar que, em 2020, a PSP mudou a status dos registros dos blocos. Em vez de manifestações culturais, os desfiles passaram a ser classificados como eventos festivos, cobrando taxas altíssimas”, explica o representante do Baque do Tejo.
Blocos sairão às ruas
Os blocos, no entanto, decidiram dar o troco na Câmara. Agora, requisitaram o direito de protestarem nas ruas de Lisboa. As manifestações públicas estão previstas em lei, e o Estado deve garantir todas as condições para que os protestos ocorram em ordem, com a máxima segurança possível.
Assim, os blocos vão sair às ruas, desfilar, protestando em favor das manifestações populares, sem que tenham nenhum custo. Aqueles que quiserem curtir o carnaval poderão se juntar às manifestações, que terão muito samba, axé, forró e alegria.
O calendário das manifestações dos blocos já está definido. O Colombina Clandestina fará sua manifestação neste sábado (10/02), a partir das 14h, saindo do Mercado dos Sapadores em direção ao Largo da Graça. Se seguisse o credenciamento exigido pela Câmara Municipal de Lisboa e pela PSP, o bloco teria um custo de ao menos 10 mil euros (R$ 56 mil) para tomar as ruas.
No domingo, as manifestações estarão a cargo do Baque do Tejo, que seguirá do Largo da Rosa até a Praça do Município. Na segunda, os carnavalescos curtirão o Blocu e o Viemos do Egyto, que se concentrarão no Campo de Santa Clara, na Feira da Ladra, e percorrerão as ruas de Lisboa.