“Guedes está rasgando a biografia de liberal”, diz um dos gestores de um dos maiores fundos de investimentos estrangeiros com atuação no Brasil. “Ele chegou ao governo prometendo uma revolução, mas o que se vê é que, aos poucos, foi sendo engolido pela máquina e, agora, pelo Congresso”, acrescenta.
Na visão dos investidores, não bastasse a perseguição aos mais pobres — foram muitas as propostas do Ministério da Economia para punir as pessoas de baixa renda —, o ministro passou a ser associado a calote ao propor o uso de recursos para o pagamento de precatórios (dívidas da União reconhecidas pela Justiça) para bancar o programa social do presidente Jair Bolsonaro, o Renda Cidadã.
“Era só o que faltava para Guedes. Virou caloteiro”, enfatiza outro gestor de fortunas. Diante disso, ressalta ele, os investidores vão cobrar cada vez mais caro para financiar a dívida pública. “Com a situação fiscal se deteriorando, o risco de calote por parte do Tesouro Nacional entrou com tudo no radar do mercado”, assinala.
Ministro subserviente
Para os donos do dinheiro, Guedes se perdeu por completo. Já não tinha a simpatia da população mais pobre. Agora, destruiu a credibilidade que dispunha no mercado financeiro. “O ministro se mostrou inábil, subserviente e disposto a tudo para se manter no poder, inclusive, rasgar a biografia dele”, frisa outro operador.
A metamorfose de Guedes, acreditam os investidores, ficou clara diante da ânsia do ministro em tentar isolar o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, com quem trava uma batalha, nas negociações entre o governo e o Congresso. Não só abraçou o populismo de Bolsonaro, como foi engolido pelo Centrão. Guedes “mantegou” de vez.
Brasília, 09h39min