Temer se tornou um grande case político

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PAULO DE TARSO LYRA

Pesquisa CNI/Ibope divulgada na quinta-feira, 27,  mostrou que o governo do presidente Michel Temer tem aprovação de apenas 5% da população. É a menor de toda a série histórica de governantes brasileiros. Estatisticamente, o número é relevante. Quando a economia brasileira ostentava uma taxa de desemprego na casa dos 5%, nos orgulhávamos de dizer que vivíamos na fase do pleno emprego. A pesquisa mostrou que Temer está na fase da plena unanimidade negativa. Mas o presidente jamais esperou altos índices de popularidade, embora ele próprio tenha dito, certa feita, que dificilmente um presidente resiste com uma aprovação em torno de 7%.

Ainda assim, Temer deverá ter seu mandato confirmado na próxima quarta-feira,  2 de agosto, pela Câmara, quando cerca de 250 deputados dirão não à autorização para que o Supremo Tribunal Federal investigue o titular do Planalto. Pelo menos esse é o desenho atual. O peemedebista, que não é muito popular nas ruas, tem bom trânsito no Parlamento. É considerado habilidoso, com capacidade de sedução política. Por via das dúvidas, liberou quase R$ 4 bilhões em emendas parlamentares, promoveu trocas de infiéis na Comissão de Constituição e Justiça, premiou aliados com cargos na máquina pública. Afinal de contas, parafraseando uma frase célebre de um economista, “não existe sedução grátis”.

O terceiro ponto de equilíbrio do atual governo é a equipe econômica. Esta sempre foi símbolo de sucesso da gestão Temer, com a escolha de uma turma antenada com o mercado, tanto na Fazenda e no Banco Central quanto nas empresas estatais, especialmente a Petrobras, maltratada por um escândalo de corrupção que parece não ter fim – agora, foi preso o ex-presidente da estatal Aldemir Bendini, acusado de cobrar propina quando a operação Lava-Jato já estava em pleno funcionamento.

O que se viu nos últimos dias, contudo, é que esse reduto de sustentabilidade começou a ser questionado. O titular da Fazenda, Henrique Meirelles, está sendo pressionado pelo aumento dos impostos e pelo deficit que não fecha. Parte dos detratores não esconde que seria uma vingança das declarações dadas pelo próprio Meirelles de que, caso Temer deixasse o cargo por causa da delação da JBS, ele e equipe permaneceriam onde estão.

Temer tem tudo para terminar o mandato em dezembro de 2018. Mas será um case político: não tem popularidade, é refém de um congresso chantagista e a locomotiva econômica seguirá rateando nos trilhos.

Vicente Nunes