A conversão da dívida proposta pela atual administração da operadora de telefonia Oi, controlada pelos portugueses, fará com que os acionistas minoritários percam mais de 90% do valor de sua participação na empresa. Será como trocar um apartamento confortável nos Jardins, bairro nobre de São Paulo, por um modesto imóvel no subúrbio. Perde-se na localização e no tamanho da moradia.
Mesmo com a desvalorização da ação — o papel chegou a R$ 176 e hoje está abaixo de R$ 1 –, a diluição será um grande negócio para os detentores de bônus da companhia, os bondholders, tal como aconteceu com a OGX, a antiga petroleira de Eike Batista. A dívida da Oi já atinge R$ 52 bilhões. Na primeira etapa da reestruturação, a operadora analisa converter mais de R$ 10 bilhões desses débitos em capital, o que diluirá a participação dos atuais acionistas.
As negociações ocorrem em Nova York. Entre os bondholders, destacam-se o Citi, o HSBC, a Merrill Lynch, a Pierce e a Fenner&Smith. Em maio de 2015, a Oi recebeu dessas empresas US$ 700 milhões referentes a uma linha de crédito assinada em outubro de 2011.
Já os credores que têm papéis garantidos por apólices de seguros torcem pelo calote da operadora. Eles são detentores de Credit Default Swap (CDS) e têm a cobertura das seguradoras. Do total das dívidas da Oi, R$ 38 bilhões estão lastreados em CDS, isto é, possivelmente serão coberto por seguro (veja tabelas abaixo).
A ausência da Portugal Telecom na atual composição acionária da Oi não passa de um mero truque de ilusionismo. A PT dá as cartas na companhia, agora por meio da Pharol SGPS. Apesar das tentativas de distanciar sua imagem da operadora brasileira, a PT é a responsável pela gestão da Oi, pela indicação da diretoria executiva e pela composição do Conselho de Administração, do qual fazem parte o espanhol Rafael Mora e o português Nuno Vasconcellos, sócios do grupo Ongoing, que teve uma experiência desastrosa no mercado de mídia brasileiro.
Brasília, 16h00min