Desde que surgiu no cenário da Música Popular Brasileira (MPB), em 1966, ao vencer o 1º Festival da Record, com A banda, Chico Buarque de Hollanda inscreveu seu nome entre os artistas de maior relevância na história da cultura do país. Ao longo do tempo, além de compositor e cantor, ele tem se destacado como escritor, a ponto de ser contemplado, há dois anos, com o Prêmio Camões, em Portugal.
Anteriormente, havia lançado Fazenda modelo (1979), Estorvo (1991), Budapeste (2009), Leite derramado (2014) e Benjamim (2023). De sua significativa obra literária constam também roteiros para peças de teatro da importância de Roda viva (1968), Calabar (1972), Gota D´Água (1974) e Ópera do malandro (1978), além da contribuição para a trilha sonora de peças e filmes.
Em breve, chegam ao mercado três títulos sobre a trajetória desse gênio da raça — Trocando em miúdos: Seis vezes Chico (Tom Cardoso/ Editora Record); O que não tem censura nem nunca terá (Márcio Pinheiro/ Editora L&PM); e Chico Buarque em 80 canções (André Simões/ Editora 34).
Mas é como autor de canções registradas em 37 discos de estúdio e nove gravados ao vivo que Chico ganhou maior projeção. Grande parte delas transformou-se em clássicos, também na voz de intérpretes como Maria Bethânia, Gal Costa, Zizi Possi, Mônica Salmaso e MPB4 — além da contribuição para a trilha sonora de peças e filmes.
Chico teve Salmaso como convidada no show da turnê de lançamento do Que tal um samba?, nome também do álbum mais recente, visto aqui na cidade no auditório master do Centro de Convenções Ulysses Guimarães, em novembro de 2022. No espetáculo, mostrou músicas inéditas e complementou o repertório com canções consagradas.
Um dos artistas mais queridos pelos brasileiros se apresentou aqui, na capital, pela primeira vez em 1973 (ao lado do MPB4), como atração da 1ª edição do Festival do Ceub. Em 1988, dividiu com o cubano Pablo Milanes o palco da Sala Villa-Lobos do Teatro Nacional, onde, em maio de 1999, fez o show de lançamento do álbum As cidades. Oito anos depois, trouxe a turnê do CD Carioca a Brasília e teve, na plateia, ninguém menos que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a quem presenteou com uma camisa do Fluminense, clube do qual é torcedor, devidamente autografada.
Peladeiro convicto, Chico Buarque é dono do Polytheama, que, em julho de 1982, no Clube da Imprensa, goleou a equipe dos jornalistas brasilienses, da qual eu era um esforçado lateral esquerdo. Com frequência, o time do compositor ocupa o Centro Recreativo Vinicius de Moraes, no Recreio dos Bandeirantes, no Rio de Janeiro, pelo qual já passaram antigos craques, como Tostão, Zico, Júnior, Leandro, Reinaldo, Romário e Ronaldinho Gaúcho.
Pertencente à geração de ouro da MPB, surgida na década de 1960, em meio aos festivais, ele tem a companhia de Caetano Veloso, Gilberto Gil, Roberto Carlos, Edu Lobo, Paulinho da Viola, Tom Zé, Jorge Benjor e Marcos Valle — todos na faixa etária dos 80 anos — nesse importante capítulo da história da MPB.
Obviamente, de forma meritória, Chico vem sendo reverenciado com especiais por emissoras de rádio e televisão e matérias em jornais, revistas e portais eletrônicos pela passagem do aniversário. No dia 19 último — data de nascimento do ídolo —, o Correio publicou reportagem, assinada por Pedro Ibarra, companheiro da editoria de Cultura.
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