Brasília é novamente anfitriã da maior estrela do teatro musical brasileiro da atualidade, a atriz e cantora baiana Laila Garin. Desde o final da última semana, ela está em cartaz, no Centro Cultural Banco do Brasil, como protagonista do espetáculo A hora da estrela — o canto da Macabéa, adaptação de André Paes Leme (responsável também pela direção) de livro homônimo, o último escrito pela imortal Clarice Lispector, publicado em 1977.
Na peça, que volta a ser apresentada de quinta-feira a domingo, Laila dá vida à Macabéa, retirante nordestina cuja vida no Rio de Janeiro é marcada pela ausência de afeto. Vista como uma mulher desprovida de qualquer atrativo, que se contenta com uma existência medíocre, não chama a atenção de ninguém. Em cena, ela tem a companhia de Cláudia Ventura e Renato Luciano. A trilha sonora foi criada pelo grande Chico César.
O brasiliense já havia aplaudido Laila em outras duas ocasiões. Nos dias 2 e 3 de outubro de 2014, no auditório master do Centro de Convenções Ulysses Guimarães, a atriz reviveu um nome mitológico da música popular brasileira, a eterna Elis Regina, em Elis — A musical. A todos impressionou pela caracterização que imprimiu à personagem, mesmo tendo um biotipo bem diferente; e por interpretar canções como Arrastão, Casa no campo, Como nossos pais, Fascinação e O bêbado e a equilibrista, com incrível semelhança ao legado da Pimentinha.
De volta à cidade, Laila Garin cumpriu curta e inesquecível temporada de 8 a 10 de fevereiro de 2019, no Teatro Unip com Gota d’água (A Seco), síntese de um musical clássico, com a assinatura de Chico Buarque e Paulo Pontes, inspirado na tragédia grega. De forte conotação política, a montagem enfatizava as figuras do opressor e do oprimido, representados por Joana e Jasão, ao contar uma história de amor, paixão de Joana e Jasão. A artista brilhou intensamente ao contracenar com o ator Alejandro Claveaux.
O espetáculo permitiu a Laila prestar homenagem à imensa Bibi Ferreira, que levou a quem teve o privilégio de assistir a versão original de Gota d’água, na década de 1970 — sob a égide da Ditadura Militar — a guardar na memória afetiva um dos momentos mais arrebatadores da história do teatro brasileiro.
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