Entre as expressões culturais, a música tem sido a de maior representatividade e mais popularidade em Brasília, nas suas seis décadas de existência. Historicamente, ouve-se esta manifestação artística desde os primórdios da capital, que, ao longo do tempo, tem acolhido cantores, compositores e instrumentistas originários de diferentes regiões do país, e é hoje considerada um celeiro de talentos nesta área.
Os pioneiros hão de se lembrar do goiano Fernando Lopes — um raro remanescente daquela época —, que soltava o vozeirão nas boates da Cidade Livre (hoje, Núcleo Bandeirante) e nos saraus promovidos pelo presidente Juscelino Kubistchek, no Catetinho; e da carioca Glória Maria, a estrela do piano-bar do Brasília Palace Hotel. Os dois pertenciam ao elenco da Rádio Nacional.
A partir da década de 1970, a cidade se transformou num imenso caldeirão de ritmos no qual são produzidas interessantes fusões — característica do som com sotaque candango. Isso já era observado no mítico Concerto Cabeças, que abriu o palco para o reggae de Renato Matos, o pop do Mel da Terra e as canções de Oswaldo Montenegro. Aliás, o Menestrel foi o primeiro artista brasiliense a ser reconhecido nacionalmente, após se destacar num festival da extinta TV Tupi como autor e intérprete de Bandolins.
E Brasília passou a fazer parte do mapa da música popular brasileira, definitivamente, a partir da geração oitentista responsável pelo boom do rock, do qual emergiram bandas como Legião Urbana, Capital Inicial, Plebe Rude, Detrito Federal, entre outras. Ressalve-se que, embora formada no Rio de Janeiro, o Paralamas do Sucesso tem entre os integrantes Herbert Vianna e Bi Ribeiro, que tiveram iniciação musical aqui.
Foi ainda na década de 1980 que surgiram na cidade, apresentando-se em bares e restaurantes, cantoras que se transformaram em grandes nomes da música brasileira: Cássia Eller, que deixou saudade, depois de colocar sua voz de timbre diferenciado e a rebeldia a serviço do rock nacional; Zélia Duncan, elogiada intérprete de MPB e pop; e Rosa Passos, celebrada no Brasil e no exterior por seu trabalho ligado à bossa nova e ao jazz.
Desde 2000, Brasília vem sendo considerada um celeiro de talentosos instrumentistas e profícuo polo de exportação musical, representada, simbolicamente, pelo bandolinista Hamilton de Holanda, reverenciado em todo o mundo. E sem esquecer da banda Scalene, responsável por manter vivo e forte o rock feito na capital, que, amanhã, completa 61 anos — infelizmente sem poder comemorar com recital, show ou concerto para plateias.
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