Depois de 65 episódios e sete temporadas, a série Veep se despede do público com uma última fase que beira a excelência. A produção, que é uma afinada paródia da vida política norte-americana, foi um daquelas raras apostas na mais pura comédia. Neste caso, a série não só deu certo, mas também se tornou uma referência no gênero.
Com exceção das sitcoms, é cada vez mais complicado os canais apostarem em conteúdos de humor puro. A ascensão das “dramédias” provocou uma espécie de onda, em que a emoção é o grande objetivo, e as piadas funcionam mais como uma menção no enredo.
Mesmo em Modern family — uma das grandes comédias fora da caixinha das sitcoms — é fácil perceber isso. Por mais que a cortina de ação dos Pritchett seja as situações engraçadas, é impossível negar que os momentos emocionantes e de reflexão social, e especialmente familiar, pautam significativa parte da história.
Óbvio que as dramédias não são um problema, ou uma ameaça ao humor. Contudo, é curioso perceber o quanto Veep foi um ponto fora da curva dessa tendência e funcionou perfeitamente.
Cuidado, spoilers!
A principal ideia da produção foi mostrar o cotidiano nada civil da política norte-americana. Distante dos sorrisos para as câmeras e do patriotismo nos discursos, os bastidores de Washington estão mais próximos de um verdadeiro curral de narcisistas egocêntricos. Interessante da saga de Veep é notar o quanto tal abordagem sempre se manteve longe do comum drama (para esse tipo de sinopse) e sempre nadou no muito bem no ensaiado mundo do humor.
Desde o piloto, com a “Veep” correndo pela Casa Branca achando que o presidente tinha morrido. Até os últimos momentos, com Selina gritando que odiava a América. Foram pouquíssimos os momentos em que a produção não arrancou um riso do telespectador.
A grande estrela do show foi, é claro, Selina Meyer. A vice-presidente que sempre almejou o maior cargo político do mundo, mas nunca deu muita sorte — ou teve muita competência — foi excepcionalmente interpretada por Julia Louis-Dreyfus. A grandiosidade do papel fica claro tendo em vista os seis Emmys que Julia ganhou — 2012; 2013; 2014; 2015; 2016 e 2017 — na categoria de melhor atriz em série de comédia.
Entretanto, outros personagens da série não ficam para trás: Amy (Anna Chlumsky), a chefe de gabinete certinha; Mike (Matt Walsh), o diretor de imprensa mais desastrado do mundo; Dan (Reid Scott), o assessor egocêntrico, e especialmente Gary (Tony Hale), o assessor pessoal de Selena. Todos deram um show ao longo de sete anos. Mesmo ao lado de Selina, ou trabalhando com outros políticos, os personagens formaram um verdadeiro “time de humor”. Cada um com sua característica e personalidade.
Para o momento final da produção, Armando Lannucci e Simon Blackwell — os criadores da série — prepararam o prometido retorno de Selina para a política, e para a presidência. Nessa fase, o time de Selina não está mais junto ao lado da eterna Veep, mas ainda assim giram em torno das primárias da democrata em busca do pleito norte-americano.
Diferentemente dos repetitivos fracassos das outras seis temporadas, desta vez Selina está determinada a vencer. Para isso, a mulher não vê absolutamente nenhum obstáculo. Em busca de acordos políticos, cada momento desta última temporada foi perfeitamente executado. As piadas foram assertivas e os novos personagens foram satisfatórios e construtivos.
Ironicamente, a série não mostrou a vitória de Selina, nem a presidência da mulher, mas sim a morte dela. O público foi levado para um flashforward de 24 anos após a comando da nova líder norte-americana, durante o funeral. Ficamos sabendo que Selina fez uma presidência não tão perfeita (com o fim do casamento entre pessoas do mesmo sexo e até a entrega do Tibete para a China).
Tudo, entretanto, com muita graça. E até a tragédia com o Gary foi hilária. Selina entregou o mais fiel escudeiro para o FBI em ordem de se livrar de uma acusação federal. Mas na morte dela, Gary estava lá, sabendo que Selina odiaria as flores e com o batom da vitória em mãos.
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