Alguns fatores chamam a atenção para Emily em Paris antes mesmo de o espectador saber a sinopse da série. A primeira é o nome do criador da produção: Darren Star, conhecido pelo envolvimento com seriados de sucesso, como Sex and the city e Beverly Hills 90210. Na nova trama, o produtor estadunidense volta às origens retratando uma história sob o ponto de vista feminino e com uma atmosfera jovem.
A narrativa é encabeçada por Emily Cooper (Lily Collins), jovem que consegue uma oportunidade numa empresa de marketing em Paris depois que a chefe Madeline Wheeler (Kate Walsh) descobre que está grávida e recusa o trabalho. Emily vai, então, no lugar da antiga chefe, numa verdadeira aventura, já que o francês da garota se limita a “bonjour” e “au revoir” e que as ideias dela de mercado são muito americanizadas para os padrões do novo trabalho. Dentro desse contexto, a narrativa acompanha a adaptação de Emily na capital francesa.
A produção tem alguns trunfos. Entre eles, a agilidade dos episódios. Curtos, com menos de 30 minutos, os capítulos são rápidos e diretos ao ponto, numa temporada enxuta de 10 episódios.
Outros fatores a favor da trama são o carisma da protagonista, que segue esse novo padrão de representação da mulher longe do ideal de perfeição, e a química com os bons personagens ao redor, como o vizinho Gabriel (Lucas Bravo), um chef de cozinha; as duas novas amigas Mindy Chen (Ashley Park), uma babá chinesa que mora há alguns anos na França, e a misteriosa Camille (Camille Razat); e os companheiros de empresa, a chefe Sylvie (Philippine Leroy-Beaulieu) e os colegas Julien (Samuel Arnold) e Luc (Bruno Gouery).
Emily tem uma relação interessante com cada um desses personagens que abordam situações diferentes: há toda uma atmosfera amorosa com Gabriel; uma relação de amizade com Mindy e Camille; e uma tensão no ambiente de trabalho com Sylvie, Julien e Luc que, na maioria dos momentos, segue para um lado cômico.
Essa veia do humor é outro ponto positivo da trama. Em vez de seguir a linha dramática, Emily em Paris se joga na comédia, a partir dos confusões em que a personagem está sempre envolvida e que tem ainda temas empáticos a qualquer um: trabalho, amizade e relacionamento amoroso.
O único ponto baixo da série é o fato de o seriado pesar a mão nos estereótipos e numa visão caricata da França e dos franceses para retratar a dificuldade da protagonista, seja com o idioma, seja com a própria cultura. Mas ao longo da temporada, a série vai se livrando disso e dando espaço ao que realmente merece: a narrativa de Emily.
Mesmo que ainda não tenha sido confirmado, a produção tem toda uma pinta de que deve ter uma sequência, já que termina de uma forma bem típica de séries, com vários ganchos e possibilidades na história de Emily e dos demais personagens, que podem (e devem) até ganhar mais espaço numa eventual segunda temporada.
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