Fé, religiosidade e existencialismo têm feito parte dos debates e das conversas desde dezembro do ano passado. Tudo começou com o Especial de Natal do Porta dos Fundos, da Netflix, que mostra Jesus como homossexual e chegou a ser censurado nos últimos dias.
Depois, o assunto continuou em voga com outras produções que chegaram à tevê e ao serviço de streaming: Dois papas, Deus me adicionou e Messiah. As três abordam o assunto de forma completamente diferente entre si e, por isso, têm chamado a atenção. Conheça um pouco sobre as produções!
Dois papas
Filme do diretor brasileiro Fernando Meirelles, a produção é inspirada no livro homônimo de Anthony McCarten. No entanto, diferentemente da obra, segue um caminho em que mistura ficção e realidade.
A versão literária se debruça sobre a história de Bento 16 e Francisco, antes de se tornarem papas, desde a infância, a juventude e a vida adulta como religiosos até os conclaves que os elegeram, aproveitando para mostrar as polêmicas em que eles se envolveram, assim como a igreja.
No longa-metragem, essas histórias também são retratadas. A diferença é que, no filme, essa narrativa é contada por meio de um diálogo — imaginado — entre os dois papas. Na versão cinematográfica, a obra se fixa mais em Jorge Bergoglio, o papa Francisco, outra alteração na adaptação. Os personagens são vividos por Jonathan Pryce e Anthony Hopkins.
Bastante elogiado pelo público, o filme tem conquistado indicações a diversos prêmios, entre eles, importantes como o Globo de Ouro e o Bafta. Espera-se que esteja na lista de indicados aos Oscar, a ser divulgada na segunda-feira (13/1). Está disponível na Netflix.
Deus me adicionou
No último dia 6, a Warner Channel lançou na programação a dramédia Deus me adicionou. De Steven Lilien e Bryan Wynbrandt, a trama se utiliza da contemporaneidade para debater o existencialismo. Isso acontece por meio da história de Miles Finer (Brandon Micheal Hall), um jovem completamente descrente de Deus e que, inclusive, levanta essa bandeira em um podcast.
Tudo muda quando ele recebe uma solicitação de amizade estranha em uma rede social: de Deus. Imaginando ser uma brincadeira, por conta do podcast, ele ignora o pedido, que toda hora volta, mesmo após ter sido cancelado. Miles, então, decide aceitar a amizade e, a partir daí, uma série de acontecimentos coloca as crenças do personagem em voga.
A mistura entre humor e drama é o grande trunfo da produção. Ao mesmo tempo em que tem momentos cômicos, a série consegue despertar questionamentos, principalmente, após se aprofundar na história de Miles, filho de um reverendo de uma igreja protestante que se torna cético após uma tragédia familiar.
Messiah
Depois do Especial de Natal do Porta dos Fundos, outra produção da Netflix criou polêmica ao retratar a religiosidade. É Messiah, série de Michael Petroni, que, em 10 episódios, mostra a chegada repentina e impactante de um messias (Mehdi Dehbi) à Síria em meio aos conflitos no Oriente Médio.
O personagem consegue mobilizar dois mil palestinos a andar pelo deserto, o que chama a atenção da CIA (Agência de Inteligente Americana). Cabe à agente Eva Geller (Michelle Monaghan) correr atrás para entender quem é esse homem e quais são as reais intenções dele. Em meio a isso, ela precisa lidar com os próprios dramas e com a mudança constante de lugar do messias, que, de uma hora para outra, aparece “operando” um milagre nos Estados Unidos.
A série sabe dosar muito bem o momento de dar informações e os quais reter, por isso consegue segurar o espectador. Outro ponto positivo é ter duas linhas de narrativa: a missão do messias e a vida pessoal e conturbada da agente Eva Geller. Por retratar o conflito do Oriente Médio e ter a presença da CIA e do FBI, tem ares de Homeland, em alguns momentos. Também é interessante a escolha da produção de abordar como seria a reação no mundo atual da chegada de uma figura religiosa e a constante mudança de idioma, indo do árabe ao inglês.
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