Super Drags utiliza humor escrachado para debater temas importantes

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Disponível na Netflix desde a semana passada, Super Drags segue o modelo das animações adultas internacionais

Super Drags é a primeira animação adulta brasileira produzida pela Netflix. Isso criou uma grande expectativa em torno da produção no Brasil e diante de um país dividido em tantos aspectos, o desenho fez o mesmo. Há quem tenha apoiado desde o início e quem tenha até participado de uma petição que pedia o cancelamento da atração.

Polêmicas à parte, Super Drags chegou neste mês ao catálogo da Netflix com uma primeira temporada formada por cinco episódios. A produção acompanha a história de Patrick, Donizete e Ralph, três amigos que trabalham em uma loja de departamento e que, para enfrentar principalmente a homofobia e os vilões do dia a dia, se transformam em super-heroínas, as drags Lemon Chifon, Scarlet Carmesim e Safira Cyan.

Quem assistia As Meninas Superpoderosas logo vai perceber que a história de Super Drags é praticamente uma versão do desenho animado do Cartoon voltado para o público adulto e, principalmente, LGBT. A narrativa e muitas referências da animação dos anos 1990 estão lá.

Porém, o formato, com piadas escrachadas, referências do mundo atual e gay e nada politicamente correto, bebe da fonte de animações internacionais para o público adulto, como Os Simpsons, Family Guy, Big mouth, South Park e Beavis and Butt-Head. Ou seja, quem gosta desse tipo de produção, deve gostar de Super Drags.

A escolha por esse tipo de humor pode ser interessante, mas ao mesmo tempo é um pouco contraditório. Super Drags faz questão de trazer temas importantes a cada episódio com uma lição de moral e o fato de usar essa comédia apelativa cria situações que podem afastar o público. Particularmente, me incomodei com uma cena do primeiro episódio, em que num resgate a um motorista homofóbico, uma das drags pega nas partes íntimas do homem enquanto ele está desacordado. Totalmente desnecessário.

Crédito: Netflix/Divulgação

Super Drags é o tipo de série que vai agradar públicos muito específico: quem gosta de comédias apelativas e que não se importa com o politicamente correto. Afinal de contas, a produção brasileira não perde em nada para animações similares da gringa. Pelo contrário, está no mesmo patamar.

Também é uma opção para o espectador que gosta das referências ao mundo pop e do universo LGBT. Isso a animação tem de sobra, com expressões como “poc” e “shade”, e a presença personalidades desse cenário como Pabllo Vittar que canta a música de abertura e ainda faz a dublagem da personagem Goldiva, a maior musa LGBT no universo da série, e Silvetty Montilla, como a Vedete, a espécie de “Charlie” das Super Drags.

Adriana Izel

Jornalista, mas antes de qualquer coisa viciada em séries. Ama Friends, mas se identifica mais com How I met your mother. Nunca superou o final de Lost. E tem Game of thrones como a série preferida de todos os tempos.

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