As trajetórias de Britney Spears e Demi Lovato são parecidas. As duas começaram a carreira muito jovens como estrelas dos programas da Disney. A projeção no estúdio fez com que ambas conseguissem seguir um caminho de ainda mais sucesso no mundo da música, mais especificamente no pop.
Entretanto, a fama que atingiram fez com que elas tivessem que lidar muito jovens com a pressão que envolve a popularidade, atrelada aos próprios dramas pessoais. Tudo isso é narrado nos documentários recém-lançados sobre as artistas divulgados nas plataformas de streamings.
No caso de Demi Lovato, a produção em questão é Dancing with the devil, uma parceria da cantora com o YouTube Originals, que produz conteúdos para a versão on-demand para assinantes da plataforma. Em formato de série de quatro episódios, o material estreou na terça-feira passada com dois capítulos sendo divulgados gratuitamente no canal oficial da artista. Os outros dois episódios serão lançados semanalmente às terças no YouTube Premium.
A ideia do documentário surgiu após Demi Lovato ter começado a produzir um material semelhante em 2018 sobre a turnê Tell me you love me. O conteúdo acabou nunca sendo lançado porque foi gravado exatamente no ano em que a estrela do pop sofreu uma overdose. “É triste porque gravamos um documentário que nunca será visto”, diz a cantora no início da série documental.
Relatos fortes
Sob outro ponto de vista, Dancing with the devil, que tem direção de Michael D. Ratner, se aprofunda na overdose e na hospitalização de Demi em 24 de julho de 2018, quando ela quase morreu. Pela primeira vez, a cantora compartilha tudo que realmente aconteceu, antes, durante e depois do trágico dia. Por isso, o conteúdo é bastante honesto trazendo relatos fortes dos momentos pesados que a artista viveu.
Durante a temporada, Demi e os convidados que toparam participar do documentário — a família (mãe, padrasto e irmãs), os melhores amigos, a dançarina Dani Vitale, que foi acusada de dar drogas à artista, a assistente, os empresários, os médicos e até amigos cantores (aparecem Elton John e Christina Aguilera) –, reforçam que ela poderia ter morrido naquele dia, caso a ajuda demorasse a chegar entre 5 a 10 minutos.
Na fatídica noite, ela tomou um coquetel de opióides misturados com fentanil após uma noite regada de bebidas com os amigos. Essa combinação resultou em três AVCs (acidente vascular cerebral), um ataque cardíaco, asfixia, órgãos do corpo falhando e perda de visão (ela chegou a ficar cega, hoje em dia tem problemas que a impedem de dirigir e de enxergar objetos próximos) por causa de danos cerebrais.
“(Queria) Mostrar aos meus fãs o quão longe eu fui, a verdade. Acho que (a série) vai beneficiar muita gente. Foi muito difícil. Mas sou grata de ter encontrado o meu propósito”, revelou durante painel no SXSW Online que o Correio participou.
Diferentemente de Dancing with the devil, que tem o próprio relato de Demi Lovato, Framing Britney Spears: A vida de uma estrela, disponível no catálogo do Globoplay, não conta com depoimento da princesinha do pop. O documentário parte de uma pesquisa do New York Times, com registros noticiosos e depoimentos da ex-assistente de Britney, de fotógrafos, de fãs e de advogados.
O tema principal do longa-metragem é o processo de tutela que o pai da artista, Jamie Spears, venceu em 2008 para assumir o controle financeiro e da vida pessoal de Britney depois de alguns colapsos públicos que a artista sofreu. A situação é bastante polêmica e desencadeou uma série de protestos dos fãs da artista, que pedem a “libertação” de Britney. O movimento ganhou forças após a cantora acionar a Suprema Corte da Califórnia, no ano passado, com o objetivo de remover a tutela do pai e ter tido uma resposta negativa.
Em Framing Britney Spears: A vida de uma estrela, a produção aborda desde o início da carreira da artista até o momento em que tudo desandou, mostrando que a pressão externa fez com que Britney perdesse o equilíbrio e as rédeas da própria vida. Por não ter a parte da cantora e dos familiares, o material sofre em aprofundamento e acaba dando crédito a algumas teorias mirabolantes. Mesmo assim, mantém a força e a necessidade do debate.
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