Streaming brasileiro conta casos sem solução de Eliza Samudio e Priscila Belfort

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Lançamentos da semana, Volta Priscila e Vítima Invisível se debruçam em dois desaparecimentos que marcaram o Brasil e movimentaram o mundo do esporte

Por Pedro Ibarra

Duas produções documentais brasileiras de crime reais estreiam com esportistas como figuras centrais. Volta, Priscila, da Disney+, e Vítima invisível: o caso de Eliza Samudio,  da Netflix, movimentam os streamings e relembram dois dos casos de desaparecimento mais comentados desde o início dos anos 2000.

Volta, Priscila chegou à plataforma ontem e reconta o caso do desaparecimento de Priscila Belfort, irmã de Vitor Belfort, que após deixar o trabalho, às 13h do dia 9 de janeiro de 2004, nunca mais foi vista. A série destrincha as investigações e entrevista diversas pessoas que viveram e trabalharam nas buscas da funcionária da Secretaria do Esporte do Rio de Janeiro que jamais foi encontrada.

Vítima invisível: o caso de Eliza Samudio estreia hoje e relembra o caso da amante do goleiro Bruno, conhecido por ser titular e capitão do Flamengo na época. A mulher, que tinha dado à luz a um filho do jogador, desapareceu e, apenas três anos depois, foi dada como morta após confissões do atleta e de outros envolvidos no crime. Em entrevista com a família de Eliza e pessoas que trabalharam no caso, o filme tenta esclarecer essa morte que se aproxima de completar 15 anos.

O fato curioso é que ambas tratam do crime, mas, de uma forma ou de outra, precisam do contexto esportivo para levar o espectador de volta para o tempo em que as situações viraram notícia nacionalmente. Ambas são mulheres que desapareceram e os casos permanecem sem uma resolução clara. Eliza Samudio foi dada como morta, mas o corpo não foi encontrado. A resolução do caso Priscila é ainda mais turva, uma vez que ela não foi dada como morta e nenhum rastro efetivo do paradeiro dela foi encontrado.

No entanto, mesmo com muitas semelhanças, as produções caminham para lados bem distintos. Volta, Priscila é uma proposta terna e carinhosa com a memória de Priscila. Com gravações da época, relatos emocionados e escolhas estéticas de impacto emocional, a série visa repassar ponto a ponto do caso para que os erros e acertos sejam lembrados e amplificar a voz das famílias dos desaparecidos.

Já o documentário sobre Eliza Samudio é apenas um grande resumo do caso. Não há tanto apreço estético, só fatos sobre fatos, em uma ampliação de uma reportagem que chega a 1 hora e 47 minutos sem adicionar tantas novidades, apenas dramatizações simples e a venda de que algumas informações ali dispostas na tela eram inéditas e cruciais para o desenvolver da narrativa. Porém, nada passa tanta credibilidade para a proposta.

Na era do crime real nos streamings, a própria produção brasileira mostra que, apesar de às vezes parecer batido, o gênero tem várias abordagens e formas diferentes de ser apresentado na tela. Contudo, o mistério é essencial para prender o público, uma promessa não entregue pode desconectar o espectador.

Nenhum dos dois lançamentos reinventa a roda ou surpreende em formato ou escolhas estéticas. Porém, o carinho com que Volta, Priscila é tratado emociona e, por esse motivo, a série tem mais potência para arrepiar. Vítima invisível, por sua vez, parece apenas mais do mesmo e tem dificuldade em captar os olhos a partir do momento em que se posiciona como uma grande lente que quer mastigar toda a história para quem assiste. É possível fazer bem sem criar, mas não dá para ser bom sem entregar o mínimo.

Pedro Ibarra

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