Produções nacionais se consolidam no cenário seriado na tevê fechada e nos serviços de streaming. Só neste mês, quatro série brasileiras são lançadas
A cada ano, as produções brasileiras em formato de série ganham mais espaço. Essa consolidação se deve a alguns fatores: a chamada Lei da TV Paga (Lei 12.485/2011), que estabelece tempo de exibição para o conteúdo nacional e independente, e os incentivos ao mercado audiovisual, como o Fundo Setorial do Audiovisual (FSA), que fomenta projetos de desenvolvimento, produção e distribuição.
“Eu acho que estamos num excelente momento (para as séries brasileiras). Temos uma população que adora o audiovisual, que foi formada e cresceu assistindo à televisão. Como nação, a gente tem uma cultura de consumir conteúdo de fora. Mas a televisão cumpre um papel de refletir a nossa própria realidade, que é um papel da arte em geral. É muito importante para a autoestima da gente se enxergar na tela. Esse é um momento vibrante, agora estamos com novos canais, com os streamings. Mas é importante que a gente tenha um incentivo, um plano de governo para que isso aconteça. Precisamos de políticas públicas para o audiovisual. Sem o projeto de Desenvolvimento de núcleos do Fundo Setorial seria impossível fazer Amigo de aluguel”, defende Dainara Toffoli, uma das criadoras da série ao lado da argentina Josefina Trotta.
Lançada em agosto do ano passado, desde o último dia 3, Amigo de aluguel exibe a segunda temporada na Universal TV, com transmissão aos domingos, às 23h. A produção, que mistura os formatos seriado e procedural (que se caracteriza pelo “caso da semana”), gira em torno de Frederico (Felipe Abib), um ator que tem medo de palco, mas acaba exercendo a profissão de outra forma, como “amigo de aluguel”. “Lendo o jornal eu conheci a história de um homem que prestava serviço para algumas senhoras. Ele as levava para os bailes e dançava com elas. Achei isso muito interessante e pensei que nos dias de hoje, onde tudo tem que ser perfeito, poderia existir uma pessoa que se alugasse para cumprir algum papel na vida real de outra pessoa”, lembra Dainara.
Assim veio a ideia da série, em que Frederico aluga seus serviços para resolver os problemas dos outros. A cada episódio, ele é contratado por uma pessoa e se passa por um tio, um sócio, um filho, um namorado ou o que a pessoa solicitar, tudo isso com muito humor e com dois núcleos fixos: a trupe, que ajuda o protagonista nos aluguéis — a empresária Sara (Luciana Paes), o melhor amigo Jun Ho (Thiago Amaral) e maquiadora Angelina (Christiana Ubach), e a família — o filho Ivan (Enzo Bronze) e a ex-mulher Carla (Juliana Ianina). “A série precisa de um mecanismo para que seja interessante. O personagem principal tem que ter uma complexidade. Eu fui achando esse motor em Frederico. Na história, a missão não dá certo como o cliente quer, porque é uma comédia, mas, no fim, ele acaba consertando a vida dos outros e não conseguindo fazer o mesmo na própria vida”, explica a criadora da série.
Novidade
Humor também é o mote da série Homens?, que estreia na segunda-feira (18/3), às 22h, no Comedy Central. Uma parceria do canal com o Porta dos Fundos, o seriado conta a história de quatro amigos Alexandre (Fábio Porchat), Gustavo (Gabriel Godoy), Pedrinho (Raphael Logam) e Pedro (Gabriel Louchard) mostrando a intimidade do quarteto. O objetivo da trama é debater e trazer um olhar questionador sobre a figura masculina.
“A série fala sobre a inadequação dos homens, neste mundo que está em constante mudança e como o machismo faz mal não só, obviamente, para as mulheres, mas também para os homens. É uma forma de tirar sarro e rir desse novo homem que não sabe o que está acontecendo mas que está se dando conta de que tudo está mudando e ele precisa mudar também”, comenta Fábio Porchat em material de divulgação.
Na sexta-feira é a vez da Netflix divulgar mais uma série brasileira. É o seriado Coisa mais linda. Com sete episódios, a produção se passa nos anos 1960 e tem como foco a protagonista Maria Luiza (Maria Casadevall), uma mulher que se muda para o Rio de Janeiro. Abandonada pelo marido, ela acaba resolvendo investir na carreira musical. Para isso, contará com a ajuda de Lígia (Fernanda Vasconcellos), amiga de infância e dona de uma voz encantadora; Adélia (Pathy Dejesus), uma carioca negra e trabalhadora absolutamente determinada e com uma força inabalável; e Thereza (Mel Lisboa), uma jornalista moderna e independente.
No próximo domingo, 24 de março, é a vez da HBO lançar sua aposta no mercado nacional, com a estreia da quarta temporada de PSI. Mantendo o formato da temporada anterior, a série acompanhará o dia a dia dos pacientes do psiquiatra, psicólogo e psicanalista Carlo Antonini (Emílio de Mello). A história de cada um dos analisados será retratada a cada dois episódios da série.
