Segunda temporada de Ozark demonstra qualidade e excelência da série

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Mesmo sem grande divulgação, segunda temporada de Ozark tem mais ousadia e organização. Resultado é uma nova temporada bem estruturada e prazerosa

A segunda temporada de Ozark, formada por 10 episódios, espantou a sombra que a série da Netflix sempre teve em relação a Breaking bad. Mais do que isso, de certa forma, mostrou como é possível solidificar uma história a partir de reviravoltas, algo que a produção de Bryan Craston nunca soube muito bem como fazer.

Por mais que a renovação para o terceiro ano de Ozark ainda não esteja garantida e, segundo a mídia internacional, pode estar até um pouco ameaçada, a produção vale uma maratona. Confira abaixo crítica da segunda temporada de Ozark, com spoilers!

A estrada da segunda temporada de Ozark

No primeiro ano vimos a irreversível queda de Martin (Jason Bateman) dentro do negócio de vendas de drogas em um esquema internacional de tráfico. Para salvar a família, o pacato contador passou a liderar as finanças norte-americana do cartel mexicano nos Estados Unidos, entretanto, o que ficou claro nessa segunda temporada é que a tentativa de manter a esposa Wendy (Laura Linney) e os filhos Jonah (Skylar Gaertner) e Charlotte (Sofia Hublitz) fora da criminalidade não deu certo, e agora eles estão tão mergulhados quanto Martin em um negócio muito perigoso. Pelo lado positivo, a segunda temporada apontou também que os quatro membros da família não serão vítimas da narrativa, e estão peparados para lutar contra tudo e todos, especialmente Wendy.

Após a complicada reviravolta de eventos vistos na primeira temporada, o segundo ano da produção conseguiu não só desatar os nós do assassinato de Del Rio, mas desarmou também a impossível relação dos Snell junto ao cartel mexicano.

O primeiro episódio começa com a chegada de Helen (Janet McTeer), a nova representante do cartel nos Ozarks. No melhor estilo Claire, de House of cards, a poderosa mulher acrescentou qualidade à produção. Não só pela controlada – e extremamente angustiante pressão nos Byrde –, mas, especialmente, pela influência que teve em Wendy no último episódio. Com um pé atrás na relação que os Byrde têm com os Snell, Helen é a responsável por dá um empurrãozinho no maior posicionamento que Martin e Wendy tomam ao longo da temporada, em relação a aceitar que são sim criminosos e que devem usar as armas que o poder detém.

Crédito: Reprodução/Internet – Helen chegou a trama levando um misto de estabilidade, angústia e pressão aos Byrde

Os primeiros episódios também foram marcados pela incessante – em alguns momentos até forçada – caçada empreendida por Patty (Jason Harner) contra Martin. Naturalmente, a presença do FBI na trama era essencial, entretanto, fica a impressão que a ação de Patty vai um pouco além do crível (em relação a obsessão dele). Entretanto, ainda sobre esse assunto, é importante o parêntese ao fato de que a série faz questão de mostrar que as atuais ações de Patty são resultados exclusivos dos acontecimentos vistos na primeira temporada (toda aquela paixão por Russ e etc).

Exagerado, ou não, o trabalho de Patty arrastou Rachel (Jordana Spiro) para um esquema de delação que fez a mulher se voltar contra o interesse amoroso, Martin. Contudo, ao mesmo tempo significou o fim de Patty, pois – se pararmos para analisar – a ameaça de Martin a mãe de Patty só surgiu a partir do momento em que o contador percebeu que seria a única saída para salvar Rachel.

A principal linha narrativa da segunda temporada de Ozark estava armada. Contudo, a produção não seria digna de elogios caso isso fosse tudo que oferecesse. Há outros aspectos a se destacar.

Os Byrde

Com os filhos Jonah e Charlotte agora completamente imersos no negócio de lavagem de dinheiro do tráfico mexicano nos Estados Unidos, os Byrde entraram nessa segunda temporada com um enredo solidificado. Enquanto Wendy tentava fazer a aprovação legal de um novo cassino nos Ozarks, Martin seguia tentando sempre consertar os problemas que apareciam no meio do caminho.

Crédito: Reprodução/Netflix (em Imdb) – A família Byrde entrou de vez no mundo do crime nesta segunda temporada

Na segunda temporada de Ozark, a matriarca acabou recebendo mais atenção, o que foi um ponto positivo. Se alguns pensavam em Martin como uma versão atualizada de Walter White, talvez tenha se surpreendido ao ver o homem ser colocado em escanteio pela mulher, que, não só aprovou a criação de um cassino, como teve a coragem de mandar matar Cade Longmore (Trevor Long).

Internamente a família desmoronou mais ainda. A traição de Wendy não foi perdoada por Martin, e os filhos, agora criminosos em associação, não facilitavam. Charlotte tentando a emancipação foi algo chato, mas eficaz para lembrar ao público que as ações dos pais estavam afetando de forma irreversível os jovens.

Em relação ao casal, fica válido a análise dos últimos episódios. Enquanto Martin matou Mason para salvar Wendy – e provar um amor que estava quase acabado –, Wendy ganha segurança, e, em consequência, uma predisposição para seguir no caminho de crimes da família. Martin tentou fugir no final, mas foi impedido pela mulher.

Para uma possível terceira temporada, a família deve enfrentar mais desafios. Será que haverá um embate entra Martin e Wendy? Isso seria bem interessante.

Crédito: Reprodução/Netflix (em Imdb) – O encontro de titãs ocorreu no último episódio da 2ª temporada. Será que eles virarão inimigos?

Os Snell

De certa forma Jacob (Peter Mullan) e Darlene (Lisa Emery) roubaram uma significativa porção da segunda temporada de Ozark para eles. A linha narrativa dos dois foi excelente do princípio ao fim e, a conclusão, melhor ainda.

A série mostrou o que ligou os reis da produção de cocaína, assim como a luta para manter as terras e por fim, a derrocada. Tudo isso com o auxílio de flashbacks.

Crédito: Reprodução/Netflix (em Imdb) – A última cena dos Snell: triste e brilhante

A busca de Darlene por mais – seja poder em relação aos “mexicanos”, ou a gravidez – entrou em rota de colisão com a realidade de simplicidade de Jacob. As discussões, que seriam facilmente transformadas em cenas clichês em grande parte da produção seriada atual, ganharam contornos especiais. Até por isso, vale frisar o trabalho de Lisa, que está impecável. Especialmente na cena de assassinato do marido, em que um “eu te amo” foi dito no melhor estilo “saia do meu caminho pra sempre”.

Para a terceira temporada é difícil dizer o que de fato ocorrerá com a mulher. Mesmo que tenha conseguido o bebê que sempre quis, Darlene provavelmente não sairá de cena.

Os Langmore

Desde a primeira temporada, o enredo dos Langmore pareceu um pouco confuso. Enquanto Ruth (Julia Garner) vivia entre o balanço de ser fiel ao pai ou a Martin, o primo Wyatt (Charlie Tahan), planava em uma presença sem grande significado. Entretanto, o segundo ano definiu muito bem o caminho da família amaldiçoada.

Crédito: Reprodução/Netflix (em Imdb) – Ruth finalmente parece ter encontrado seu caminho na série

A chagada de Cade, o patriarca da família, foi o grande responsável por isso. Enquanto empurrou Ruth para o lado de Martin, o homem também fez Charlotte voltar para os Byrde, e, especialmente, foi o grande responsável pela morte de Patty.

Quando imaginaríamos que, entre todas as ameaças possíveis, Cade mataria – enquanto tentava ajudar – o policial mais obsessivo do mundo das séries, em um momento em que o agente estava quase desistindo de Martin? Pois é, a surpresa foi eficaz e entre todas as consequências da presença do ex-presidiário, pareceu quase natural, diferentemente de reviravoltas forçados que geralmente ocorrem nessas circunstâncias.

Para a possível terceira temporada, Ruth deve chegar mais forte, agora também fazendo parte do comando das “ações” dos Byrde, ao mesmo tempo em que terá de lidar com os problemas que o pai deixou ao matar um agente do FBI. Em relação ao Waytt – por mais que a presença na segunda temporada tenha feito mais sentido do que a “existência” na primeira –, acho que chegou a hora dele partir, e a sofrida entrada na faculdade pode ser uma via eficaz.

Crédito: Reprodução/Netflix (em Imdb) – Patty vai deixar saudades…

Buddy, Mason e a máfia de Kansas City

Para quem achava que a presença de Buddy seria pouco relevante neste segundo ano de Ozark, se enganou. Seja na queimada da plantação dos Snell, seja na negociação com a máfia de Kansas City, o homem foi uma carta na manga dos roteiristas para salvar os Byrde, e a construção do personagem foi muito boa. O homem morre cumprindo a promessa que foi feita ao público ainda no piloto da produção.

Crédito: Reprodução/Netflix (em Imdb) – Buddy cumpriu seu papel e deixou Ozark melhor

Em relação a máfia de Kansas City, a relevância ficou mais como um juramento para a possível próxima temporada, tendo em vista o ataque ao escritório de Martin visto no último episódio.

Já o pastor Mason (Michael Mosley) fez um retorno triunfante. Após a fuga assustada com o filho, o confuso homem foi arrastado de volta as tragédias dos Ozarks, para agora ter um fim definitivo. Depois de perder o filho e sequestrar Wendy para tentar reavê-lo, Mason se torna a primeira vítima de Martin, fazendo o, até então, inofensivo homem se transformar permanentemente.

Ronayre Nunes

Jornalista formado pela Universidade de Brasília (UnB). No Correio Braziliense desde 2016. Entusiasta de entretenimento e ciências.

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