Com cenas de ação dignas de cinema, S.W.A.T. se mantém com muita explosão, mas com pouca profundidade
Southland foi uma série policial que quebrou um importante paradigma: sim, é possível realizar uma produção sobre as forças policiais sem que esta se torne superficial, fútil ou limitada a lutas ensaiadas e trocas de tiro. É importante começar esse texto com esta constatação, porque diferentemente do que prega o senso comum, esse gênero não é blindado a qualidade, pelo contrário, é uma designação palpável, possível de base. Infelizmente, S.W.A.T. parece ter ignorada isso e nem tenta ser algo a mais do que uma série de ação.
O público é convidado a acompanhar a história dos showrunners David Ayer e David McKenna, que tem início após uma tragédia de trabalho envolvendo o time de elite da polícia norte-americana. Em uma perseguição, o chefe da equipe atira acidentalmente em um garoto, levando a uma verdadeira crise policial e social, já que o oficial é branco, e o garoto atingido é negro. Para tentar apaziguar a relação entre a polícia e a comunidade após o incidente, a diretoria da força pública decide colocar Hondo (Shemar Moore) como novo chefe da equipe S.W.A.T., um policial negro e uma figura com mais carisma junto a maioria daquela comunidade.
A decisão de empossar Hondo, entretanto, causa outra série de problemas, já que o oficial Deacon (Jay Harrington) era o próximo na lista de sucessão, e ver sua carreira afetada pela ascensão acelerada de Hondo, desperta nele certa mágoa. Além de Deacon, o chefe da S.W.A.T. também precisará lidar com o novato do grupo, Jim Street (Alex Russell), um jovem engraçadinho, impulsivo e autossuficiente. De resto, os personagens são absolutamente estereotipados e ínfimos, sendo necessários apenas para aumentar o número de tiros em cena.
Ponto positivo de S.W.A.T
A série tem como positivo a abordagem dessa crítica situação que ocorre nos Estados Unidos: uma força policial violenta e racista. A posição de Hondo, sendo um policial negro, poderia ter aberto toda uma vertente de reflexão e profundidade para S.W.A.T., porém, a produção prefere apostar mais nas explosões, nos diálogos fracos e previsíveis, e na construção simbólica do policial como um super-herói incompreendido.
Na fall season 2017 da tevê aberta, S.W.A.T. foi a única série com um protagonista negro – Shemar Moore. Esse é um dado que merece muita atenção e questionamento, e a sensação que o público tem após ver o piloto (que poderia ter abordado tantas reflexões) é de uma aguda decepção pôr a série ser só “isso”, mesmo com tanta capacidade.