Com mais de 40 anos de carreira, atriz Rosane Gofman encarna a engraçada e parceira Ellen, em A dona do pedaço. Paralelamente, a artista está no teatro com espetáculo com a temática LGBT
“Já se criou essa ideia de que eu faço humor o tempo todo e a coisa acaba indo para esse caminho mesmo”, diz, entre risos, a bem-humorada atriz Rosane Gofman, 61 anos. Atualmente ela está no ar fazendo, mais uma vez, uma personagem mais voltada para a comédia, a secretária Ellen, fiel escudeira de Maria da Paz (Juliana Paes), a protagonista de A dona do pedaço. Em seu núcleo, Rosane, de fato, flerta mais com a leveza. “Essa mulher é engraçada à medida que ela interfere, fala e dá opinião (na vida de Maria da Paz), ela também tem uma relação afetiva bem forte. Elas se conhecem há muitos anos. Além de ser uma coisa divertida, há essa relação de amor entre elas, que são muito amigas e parceiras”, define.
Além de dividir as cenas com Juliana Paes, Rosane Gofman está sempre acompanhada de Agatha Moreira (Josiane) e de Duio Botta (o mordomo Jardel). “A casa da Maria da Paz é um núcleo muito gostoso. A Juliana é um doce e tem uma generosidade latente. A Agatha também é outro doce e o Duio eu conheci em Êta mundo bom!. Então é um núcleo muito gostoso de trabalhar, que é um lado mais leve da história”, comenta a atriz.
Estar no elenco de A dona do pedaço é mais uma dobradinha de Rosane com o autor Walcyr Carrasco. Ela esteve em outras novelas dele, como Chocolate com pimenta, Alma gêmea, Sete pecados e Êta mundo bom!. Mas antes mesmo da televisão, a dupla já dividia trabalhos nos palcos. “Ele é um querido e com quem já trabalhei várias vezes. Comecei com o Walcyr trabalhando no teatro. Então, agora fazer a Ellen em A dona do pedaço é muito gostoso”, completa.
Início na televisão
Cria do teatro, Rosane Gofman começou nos palcos. E foi graças a um espetáculo teatral e a forcinha de um amigo famoso que teve a oportunidade de estrear na televisão em 1983 na novela Louco amor, de Gilberto Braga, em que viveu Estela. O tal anjo da guarda que deu apoio a Rosane foi o cantor Cazuza. Os dois tinham trabalho juntos na peça Parabéns a você, de Ariel Coelho, em 1981.
“Eu já fazia teatro há oito anos quando entrei na televisão. Eu fazia uma peça infantil, em que o Cazuza fazia meu filho. Ele passou o Natal de 1982 para 1983 me ligando inúmeras vezes para me dizer que as coisas estavam acontecendo, que a mãe dele (Lucinha Araújo) tinha falado com o Gilberto Braga e que ele iria me receber. Cazuza foi meu grande torcedor e a pessoa que me fez entrar na televisão. A torcida dele foi fundamental”, lembra. Sobre o amigo, ela ainda completa: “Tenho muita saudade e sou muito agradecida”.
Louco amor é apontada por Rosane como uma das novelas que foi um divisor de águas em sua carreira ao lado de Chocolate com pimenta, de 2003, em que viveu Roseli Castro Fritz. Apesar disso, a personagem xodó da artista é Cinira de Jesus de Tieta (1989). “Foi a primeira que chamou a atenção (do público). Foi muito legal ter feito e foi especialmente marcante”, lembra.
Teatro
Apesar de ter acumulado trabalhos na televisão, Rosane Gofman nunca largou os palcos. Há mais de 30 anos ela tem uma escola de artes cênicas, o Teatro Escola Rosane Gofman, que atualmente é administrado por um dos filhos e está em processo de criação de outras franquias no estado do Rio de Janeiro.
Além disso, ela está ensaiando uma nova peça chamada Eu sempre soube, com texto de Marcio Azevedo. “Esse espetáculo é a minha mais nova paixão. Recebi esse texto no final do ano passado e me apaixonei na hora. É uma peça que trata das relações das mães com os filhos LGBTs basicamente. Mostra o quanto é importante que a família esteja ao lado desses filhos para que eles possam ser plenos, felizes e se sentirem fortes”, revela. Montagem essa que mostrará o lado que Rosane nem sempre explora na tevê, o drama: “É maravilhoso poder ir de um extremo ao outro fazendo coisas tão bacana e legais”.
Com apenas Rosane no palco, a peça traz histórias reais, que foram coletadas em entrevistas por Marcio Azevedo, e depois migra para a narrativa dessa mãe, vivida pela atriz. Mesmo com dificuldades em encontrar patrocínio, que a atriz atribuiu ao tema LGBT, a peça chegará aos palcos em 5 de julho. “Vamos estrear na marra mesmo. As pessoas se interessam, mas quando ficam sabendo do que se trata, se retiram. Mas vamos fazer o que é possível, vamos em frente”, garante. A montagem já tem agenda em três teatros do Rio de Janeiro com encenações em julho e agosto.