Quantos são o ator Rodrigo Fagundes? O ano de 2020 reserva várias facetas dele para o público: comédia nos espetáculos Susto e Sylvia, drama na série Impuros e infantil no programa Os detetives do Prédio Azul e no filme Tudo bem no Natal que vem.
“O bom da minha profissão é poder cada vez ser uma pessoa diferente ou um ser que está ali escrito no papel e depende da minha ajuda para lhe dar vida e, com isso, poder dizer alguma coisa relevante com minha arte. Seja para divertir ou para cutucar, ou tudo junto”, afirma Rodrigo, em entrevista ao Próximo Capítulo.
Consagrado na comédia, Rodrigo cansou de ver colegas subestimarem seu talento para o drama, mas passou. Ele aponta a novela Pega pega como um dos momentos em que essa quebra ficou evidente. “Já perdi oportunidades de experimentar personagens dramáticos, que pouco tinham a ver com humor, ainda que ache que a comédia e o drama andem juntos, por acharem que eu não tinha capacidade de me aprofundar num determinado personagem”, comenta.
Além de entreter e emocionar, Rodrigo e´dos atores que se posicionam, seja sobre o momento da cultura no país (“Estamos vivendo um retrocesso, sim! Estamos tendo que explicar o óbvio, pois sem arte, sem cultura, sem educação a gente não vai muito longe”), seja sobre a homossexualidade (“Mas tenho consciência, sim, que vivendo livremente o meu amor, contribuo no combate ao preconceito”). Todos esses Rodrigos estão revelados na entrevista a seguir. Confira!
No teatro você faz humor em Sylvia, no streaming é um bandido em Impuros e na televisão está no elenco do infantil Os detetives do Prédio Azul. Quem é o verdadeiro Rodrigo? De qual dessas facetas você está mais perto?
Sou todos esses. Menos bandido (risos), mas brincar de eu amo. O bom da minha profissão é poder cada vez ser uma pessoa diferente ou um ser que está ali escrito no papel e depende da minha ajuda para lhe dar vida e com isso poder dizer alguma coisa relevante com minha arte. Seja para divertir ou para cutucar, ou tudo junto. O que é bem mais saboroso!
Essa variação de papéis deve ser muito saudável e gratificante para o ator, não?
É o meu alimento! O ser humano, por essência, é dotado de tantas facetas, e nem sempre podemos dar vazão a tudo que possuímos, como sentimentos, manias, extravagâncias. Mas no meu trabalho isso é tão permitido e procuro sempre fazer bom uso dessas ferramentas que possuo e principalmente observar o outro e assim ir armazenando tipos e registrando situações que vivo diariamente. Além de ler, ver filmes e assistir a peças, onde aprendo muito também observando os colegas e amigos que admiro.
Quando um ator se destaca no humor logo vem a ideia de que ele não consegue fazer outra coisa, levando inclusive o rótulo de humorista (sendo que não falamos dramista, por exemplo). Vê algum ponto de preconceito aí?
Vejo, sim. E não por parte do público, mas por parte de alguns do meio. Já perdi oportunidades de experimentar personagens dramáticos, que pouco tinham a ver com humor, ainda que ache que a comédia e o drama andem juntos, por acharem que eu não tinha capacidade de me aprofundar num determinado personagem. Foi duro. Sofri e quase acreditei numa meia dúzia aí que tentou me rotular dizendo que não sou capaz de ir além do humor de Zorra Total que fazia. Tenho um orgulho e satisfação imenso de ter feito esse programa que foi sucesso absoluto. Nada como o tempo para ajustar a ignorância dos outros, pois logo depois que fiz a novela Pega pega, recebi críticas de pessoas do meio artístico elogiando minha atuação e onde diziam : olha ele é ator mesmo! Rio muito disso hoje!
Como você fez para diversificar tanto sua carreira?
São as escolhas. Lógico que quando você se destaca mais em um gênero, no meu caso a comédia, a tendência é receber convites para papéis parecidos sempre. Daí entra o que o meu coração acha que farei melhor. Sou da logística também. Paro e penso no tempo que terei que me dedicar àquele trabalho e calculo minha vontade de fazê-lo. Nossa carreira é feita de altos e baixos, por isso também é preciso se precaver emocionalmente e financeiramente. Ter o dinheiro do “não” , costumo brincar. E saber declinar de um convite que você sabe que não te acrescentará em nada como ator e assim tentar confiar no meu instinto pra apostar em um novo personagem, na história e também realizar o desejo de trabalhar com determinado diretor, autor, ator ou atriz.
Com Surto você rodou o país inteiro durante vários anos. No Brasil de hoje ainda é possível uma peça fazer essa trajetória? Como?
Ficamos 11 anos ininterruptos em cartaz. Um marco, uma vitória! E uma alegria imensa de poder fazer teatro, ganhar dinheiro, levar alegria e informação para tanta gente e poder viver da nossa arte! Acho que os tempos mudaram sim. Está bem mais difícil manter um espetáculo hoje em dia. E ressalto que Surto foi feito sem patrocínio algum! Mas é na dificuldade que a gente vence e aprende. Se você acredita no seu projeto, se produz e mete a cara a coisa anda, sim! Minha tendência é sempre ser otimista, ver o copo meio cheio, por isso aposto na garra e na vontade de nunca deixar o teatro morrer e agradeço sempre ao público que sabe o valor que o teatro tem e portanto está sempre disposto a sair de casa e fazer tempo para a arte!
O governo federal acaba de completar um ano e uma das primeiras medidas foi o corte nas leis de incentivo cultural. Já dá para fazer um balanço do impacto que isso teve no teatro brasileiro? Foi realmente uma tragédia, como falado no início?
Estamos vivendo um retrocesso, sim! Estamos tendo que explicar o óbvio, pois sem arte, sem cultura, sem educação a gente não vai muito longe. Mas as informações são manipuladas, mentirosas, as malditas “fake news”, que vão tomando conta da massa que começa a ter aquele comportamento de gado onde só obedecem e já querem uma opinião pronta sobre tudo. Mas não vamos desistir! Vamos combater a ignorância com informação, com amor, com afeto e com indignação, pois o Brasil tem um povo que é de muito boa índole , solidário e merece nosso respeito e atenção.
Nas redes sociais e em entrevistas você fala abertamente de sua relação homoafetiva. Usar sua imagem para isso é uma forma de ajudar no combate ao preconceito?
Prefiro dizer que vivo uma relação e ponto. É como na terceira pergunta: o ator que faz humor é chamado de humorista o que faz drama não é chamado de dramista. A mesma coisa quanto às relações. Muito se fala em beijo gay, é beijo e ponto. Ninguém fala fulano vive uma relação heteroafetiva. Mas tenho consciência, sim, que vivendo livremente o meu amor, contribuo no combate ao preconceito.
O ano de 2020 está aí. Quais são seus planos?
Pretendo levar nosso espetáculo de teatro Susto para uma temporada em São Paulo, no primeiro semestre. Fiz uma participação no Detetives do Prédio Azul, que deve ir ao ar no primeiro semestre também; e acabei de filmar Tudo bem no Natal que vem para a Netflix que será lançado em 2020.
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