O ator Ricky Whittle, de American gods, fala sobre a produção que estreia na segunda (1º/5) no Brasil
American gods é a principal obra do escritor britânico Neil Gaiman. O livro foi lançado em 2001 e, desde então, o autor buscava transformar a história em uma adaptação para as telas. Esse desejo finalmente será realizado a partir de amanhã (1º/5), quando a série homônima estreia na Amazon Primeo Video, responsável pela exibição no Brasil do seriado produzido pelo canal Starz. “Havia muita pressão no começo, porque é um livro muito famoso e Neil esperou muitos anos por isso. Mas acho que é uma tensão comum em tramas como Game of thrones, Harry Potter, Crepúsculo, Jogos vorazes e todos esses livros icônicos que se tornaram séries televisivas ou filmes, porque há sempre pessoas que acham que não foi adaptado como elas imaginaram. A pressão é do público, mas eu não sinto”, revela o ator Ricky Whittle, que interpreta o protagonista Shadow Moon.
Assim como no livro, a série, que foi desenvolvida por Bryan Fuller (Pushing daisies e Hannibal) e Michael Green (Logan e Heroes), mostrará um embate entre deuses antigos e novos nos Estados Unidos. É a guerra entre criaturas mitológicas que foram cultuadas no território europeu e asiático, como Odin e Anúbis, contra as novas adorações do mundo, como a internet, as celebridades e a fama. Tudo isso por meio da história de Shadow Moon, um homem que deixa o presídio alguns dias antes de cumprir pena de três anos por conta da morte da mulher, Laura (Emily Browning), em um acidente de carro.
Durante a saga, ao retornar à cidade natal para o enterro da amada, Shadow conhece Wednesday (Ian McShane), um homem misterioso que lhe oferece um emprego de guarda-costas. Mas o que Shadow não sabe é que Wednesday é, na verdade, um deus antigo (mais especificamente, Odin incorporado) em busca de reunir os velhos deuses para uma batalha contra o poder dos novos deuses no território norte-americano. “A relação entre Shadow Moon e Wednesday é muito real. Wednesday é um personagem muito manipulador, mas tem carisma e um certo charme que faz Shadow continuar ao lado dele, mesmo quando não acredita. Veremos uma ótima relação deles dois. Shadow quer saber como ele sabe seu nome, sua história, o que ele quer e por que está viajando o mundo atrás de pessoas fantásticas”, define Ricky.
A primeira temporada da produção terá oito episódios e, segundo o protagonista, é baseada em cerca de 100 páginas da obra e, apesar de ser muito fiel à versão literária, terá algumas mudanças para a adaptação televisiva. “Bryan Fuller e Michael Green colocaram mais cores e carisma no Shadow Moon da série. Ele é mais falante do que no livro. Para a televisão é sempre preciso colocar mais, porque ninguém quer ver a mesma coisa toda semana”, explica.
Sobre os boatos de renovação para uma segunda temporada mesmo antes da estreia, Ricky Whittle revela que não há ainda uma confirmação oficial: “Não posso comentar isso no momento, mas estamos ansiosos pela série. Usamos apenas 100 páginas na primeira temporada, então temos história para mais cinco ou seis anos. Espero que a gente receba essa confirmação logo”.
Entrevista com Ricky Wittle, de American gods
Como foi a sua preparação para viver Shadow Moon?
Fisicamente eu tive que ganhar peso, porque em The 100, quando eu fazia o personagem Lincoln, eu pesava 79kg. Tive que beber e comer comidas com mais calorias. Treinar muitas vezes. Para fazer o Shadow Moon precisei chegar a 95kg, porque no livro ele é descrito como um personagem muito grande. Então, minha responsabilidade era estar maior e mais intimidador. Foi um grande desafio para mim. Também tive que aprender mágica. Fiz aulas com um mágico em Los Angeles. Ele me ensinou truques com moedas e cartas. Aprendi todos esses truques fantásticos. No fim, tive que ler o script e usar meu instinto.
American gods é sobre a disputa entre velhos e novos deuses, mas há muito mais do que isso. Para você, qual é a mensagem por trás dessa história?
A mensagem é sobre acreditar. É também sobre imigração, religião, sexo, racismo, homofobia… É sobre o que as pessoas acreditam que pode ser um deus, uma religião, um iphone, as novas tecnologias, mídia, celebridades, fama… A mensagem é que tudo isso é ok, não é porque você acredita em certos deuses que meu deus não é real. É sobre todo mundo seguir na mesma direção buscando tornar a vida melhor. Não importante no que você acredita, contanto que você acredite em algo.
Como foi trabalhar ao lado de Ian McShane?
Somos os dois da mesma área de Manchester. Costumávamos ver os mesmos filmes, os mesmos jogos. Entre as cenas, nós almoçávamos juntos. Nos demos muito bem. Ele é uma ótima pessoa e, profissionalmente, é um dos melhores atores da nossa geração. Eu costumava vê-lo quando era criança. Foi fantástico, me sinto muito abençoado. A química que temos fora da câmera pudemos levar para as câmeras tornando a relação entre Shadow Moon e Wednesday muito real.