Primeira semana de Travessia traz o ritmo frenético da cidade de volta ao horário nobre. Cássia Kis, Vanessa Giácomo, Grazi Massafera e Chay Suede brilharam
Saem as belas paisagens e necessárias mensagens sobre o meio ambiente de Pantanal. Travessia chegou mostrando que o ritmo urbano está de volta. Ele é frenético como o de uma metrópole ou às vezes, mais lento como as belas imagens do núcleo maranhense.
Se o medo inicial era que a trama sobre a tecnologia chamasse mais a atenção do que as relações humanas, esqueça. Estamos numa novela de Gloria Perez e ali a emoção é que manda. Assim, o que vimos neste início de Travessia não foi uma briga ou uma declaração de amor como pano de fundo para uma discussão sobre metaverso ou uma apresentação de hologramas. E, sim, o contrário. A tecnologia está presente, mas o foco é nas relações humanas.
Algumas dessas relações se destacaram. Mesmo durando apenas um capítulo, a de Débora (Grazi Massafera) e Guerra (Humberto Martins) valeu por uma novela inteira. Grazi esteve inteira, entregue, num dos melhores momentos da carreira e mostrando que rende muito bem em cenas de tensão. A personagem dela morreu, mas o conflito trazido por ela não. Cidália (Cássia Kis, em mais uma boa interpretação da novela) não parece nada disposta a deixar enterrado o segredo sobre a paternidade de Chiara (Jade Picon).
Também deu vontade de acompanhar mais a relação entre as irmãs Guida (Alessandra Negrini) e Leonor (Vanessa Giácomo). As atrizes estão à vontade no texto e prometem mais cenas como a que Leonor toca fogo no vestido de noiva de Guida a minutos do casamento. Rodrigo Lombardi como Moretti (não sei o que fizeram com os primeiros nomes dos ricos da novela…) não compromete, mas, por enquanto, é mais um sedutor inveterado para coleção do dono de um dos sorrisos mais marcantes da telinha atualmente.
Claro que a relação entre os protagonistas Brisa (Lucy Alves) e Ari (Chay Suede) foi explorada na semana de estreia. Os atores estão bem. Ela demorou, mas decolou de vez na cena decisiva da personagem, que fugiu de um linchamento. Chay rendeu mais quando a relação foi com Marcos Caruso. Espécie de Grilo Falante, o professor Dante tem toda a pinta de ser o novo Velho do Rio. A relação deve esquentar mais com a chegada de Oto (Rômulo Estrela) ou com a nova passagem de tempo, que trará Brisa mais madura.
Pontos fracos e Jade Picon
Travessia teve uma ー graças a Deus ー rápida primeira fase, de apenas um capítulo e meio. O suficiente para que nos perguntássemos o que deu na cabeça do pessoal de caracterização da novela. Literalmente na cabeça… Cássia Kis, Vanessa Giácomo e Humberto Martins foram “brindados” com perucas, apliques ou penteados que definitivamente não deram certo.
Gloria Perez é famosa por dizer que é preciso que o público voe com ela ao embarcar numa novela. Mas Rodrigo Lombardi pulou pela janela na cena em que Moretti flagra Guerra com Débora. Ainda bem que Grazi salvou a exagerada cena.
Mas Travessia fala nos mostrou relações, lembra? E a de Stenio (Alexandre Nero) e Helô (Giovanna Antonelli) já soou repetitiva em Salve Jorge, há 10 anos. Imagina agora!. O jogo de gato e rato entre eles não teve a menor atualização. Está datado e esperando um update.
Antes mesmo da estreia de Travessia, ela já era a novela de Jade Picon. Seja para falar mal da escalação da ex-BBB sem ao menos ver uma cena, seja para defendê-la e pedir à influenciadora uma chance sem ao menos ver uma cena. Agora, com algumas cenas assistidas, há uma certeza: como gosta da menina a câmera! Jade tem presença. Não fez feio nem quando contracenou rapidamente com Cássia Kis. Tem um sotaque que vem dominando críticas na internet. O problema é que ele vai e vem. Se Chiara, nesse início de novela, tem a missão de abalar o casamento de Ari e Brisa, já deu certo. O par Chiara e Ari deu certo na tela. E a relação vai dar o que falar. A travessia de Jade pelo mundo das novelas está apenas começando. Pelas mesmas mãos que a ex-BBB Grazi de um salto na carreira. Coincidência?