Regiane Alves torce para que Clara, de Vai na fé, se livre dos abusos do marido e seja finalmente feliz
Em meio à leveza de Vai na fé, o núcleo do casal Theo (Emilio Dantas) e Clara (Regiane Alves) e do filho deles, Rafael (Caio Manhente), chama a atenção pela dramaticidade. Não que a novela de Rosane Svartman deixe o drama de lado, mas, com outros personagens, assuntos como racismo, homofobia e luto são tratados de um jeito mais leve. É como se a autora buscasse ali um equilíbrio — saudável para a trama e perfeito para a faixa das 19h em que Vai na fé é exibida.
Clara é uma ex-modelo que se anula desde que se apaixonou pelo marido. Eles se casaram, tiveram Rafael, mas as coisas não melhoraram. Pelo contrário. Theo se mostra violento e, em fortes cenas levadas ao ar há cerca de 10 dias, deu a impressão de que partiria para a agressão física.
“A Clara é uma mulher da alta sociedade que era modelo, se apaixonou, casou, engravidou, veio de uma depressão pós-parto e foi se afundando num marido que sempre quer ser melhor do que ela. Ele não é um homem para ela. Quando fala com ela, Theo está sempre a maltratando. E ela vai se acostumando, achando normal essa situação”, afirma Regiane, em entrevista ao Correio.
Para a atriz, o tempo em que vivemos é mais do que propício para que um tema como esse seja discutido, pois há várias mulheres sofrendo diferentes tipos de violência por aí. “Há uma identificação muito grande com esse momento de agora, em que as mulheres estão conseguindo falar sobre as coisas que estão acontecendo, sobre as relações que estão veladas. Ou sobre uma situação que você viveu e que você acha que é completamente normal e não é normal”, reflete.
Regiane conta que foi buscar referências em duas séries de muito sucesso: Big little lies e White lotus. “Eu assisti a Big little lies para ver a personagem da Nicole Kidman, que tem aquele marido que viaja e volta, e ela sofre abuso, mas tem medo e fica. No final, ela consegue sair daquela relação. Ela tem também um quê da Tania de White lotus, que é aquela mulher que está sempre meio avoada, que vive em outro mundo”, conta.
Além de se ajudar, Clara toma para si a responsabilidade de ajudar Rafael. O filho não se dá bem com o pai e vive recluso no quarto, recebendo a visita de poucos amigos e tendo deixado a vida escolar. “Ela está muito infeliz porque, ao mesmo tempo, ela pensa em salvar o filho dela, mas ela mesma não consegue se salvar. É uma personagem de muita delicadeza, de muita sensibilidade”, defende Regiane.
A atriz revela que torce para que Clara vire o jogo — “é um estado emocional que ela está, não que ela seja assim” — e elogia que Rosane trate da necessidade de uma mulher de mais de 40 anos se refazer. “É preciso um resgate dela. Não é porque ela tem 40 e poucos anos que ela não vai mais tentar ter uma nova vida. É legal a novela focar em três casais na casa dos 40 anos: o Ben (Samuel de Assis) e a Lumiar (Carolina Dieckmann); o Simas (Marcos Veras), que se envolve com uma menina mais jovem; e esse casal que está junto há anos e ninguém entende o porquê. Eles têm um tesão que é duvidoso e, ao mesmo tempo, há um abuso entre os dois. É muito interessante que a novela coloque isso”, elogia.