Liar
Liar Crédito: Reprodução/Facebook - Liar Liar

Minissérie ‘Liar’ chama atenção ao retratar um caso de estupro

Publicado em Sem categoria, Séries

Produção britânica de apenas seis episódios, Liar debaterá quem está falando a verdade em caso de estupro. Episódio de estreia dá show de qualidade em trama trágica

Uma mentira tem proporções devastadoras. Essa é a principal premissa da minissérie Liar (mentiroso, em tradução livre). A excelente história filmada na Escócia – e distribuída na Inglaterra pelo canal ITV, e nos EUA pelo SundanceTV, sob a tutela dos irmãos Harry e Jack Williams (também responsáveis pela ótima The missing) – é um verdadeiro alento em meio a uma fall season de estreias questionáveis (em minha opinião).

Estrelado por Joanne Froggatt (Dowtown abby) interpretando Laura Nielson, e Ioan Gruffudd (Quarteto fantástico) na pele de Andrew Earlham, a produção é uma minissérie com seis episódios (até o momento, três foram ao ar) que coloca, por meio da mentira, uma análise profunda a respeito das relações humanas: limites sociais, vontades morais, violência, abuso sexual, transtornos mentais, relações familiares e muito mais.

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Crédito: Reprodução/Facebook – O primeiro encontro de Laura e Andrew é o ponto de partida de Liar

Mais sobre o enredo de Liar

O principal recurso usado para captar a atenção do telespectador nos primeiros momento é a fotografia. Logo, por meio dos cenários paradisíacos, e ao mesmo tempo mórbidos e opressores, quem acompanha a trama começa a entrar de cabeça naquela situação trágica, e, ao mesmo tempo, brilhantemente apresentada.

Laura é uma professora dedicada, que acaba de terminar um relacionamento com o namorado de longa data, enquanto Andrew é um renomado cirurgião, que está viúvo há alguns anos. Os dois se encontram ocasionalmente, enquanto o homem deixa o filho, após uma manhã de atrasos, na escola em que Laura dá aulas. De forma leve, tangenciando a diversão, estrategicamente construído, o piloto leva o público até o convite para um encontro entre Andrew e Laura, quando há um acontecimento fatídico.

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Crédito: Reprodução/Facebook – Laura e o ex-namorado (que também tem um caso com sua irmã): história cheia de teias aumenta atenção do público

Laura acorda em seu quarto, em estado de pânico, percebendo que tinha sido – supostamente – vítima de um estupro. A partir daí, de uma forma esplendorosa, toda a dinâmica do piloto muda. É como se mergulhássemos em um oceano de mentiras, tragédias e mágoas. Começamos a saga pela verdade por meio das duas perspectivas. Isso, porque, Andrew, jura que tudo que tudo o que aconteceu foi consensual, inclusive, por iniciativa de Laura. Como a mulher não tem como provar o abuso (a perícia não percebe nada, e a história de Andrew faz sentido para os detetives), o homem é liberado pela polícia e vai tentar provar sua inocência, em uma história que está apenas começando.

O diabo – e a qualidade – está nos detalhes

Já no piloto fica claro o quanto os criadores Harry e William têm todo o controle da história. Em poucas vezes me deixei levar tanto pelos plots de uma série. Poucas vezes senti tanta confiança em tudo que me estava sendo passado. Talvez, por isso, uma base de enredo tão complexa e polêmica tenha funcionado tão bem: porque quem está escrevendo sabe o que está fazendo e o público consegue perceber isso.

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Crédito: Reprodução/Facebook – Será que Andrew é o grande vilão da história?

Comento essa percepção porque é fundamental à dinâmica do piloto, que pretende colocar o público contra a parede ao não apresentar um herói e um vilão, pelo contrário. De 10 em 10 minutos, a culpa recai sobre uma das duas partes da história (hora Andrew é um estuprador sem escrúpulos, hora Laura é uma maluca que está inventando uma mentira).

Os detalhes são outro contexto brilhante: os flashbacks da noite do encontro, o fato de Laura já ter passado por uma situação parecida no passado… Cada detalhe dessa história funciona perfeitamente para a montagem de um quebra-cabeça. Os personagens secundários também dão um show à parte. Cada um deles (a irmã traidora, o ex-namorado policial, a ex-mulher suicida, até mesmo o filho de Andrew – que, aparentemente, seria um peso morto) terminam o piloto tendo um papel fundamental para desenvolver aquele jogo de mentiras. Poucas produções conseguem encaixar tão bem personagens secundários numa história a partir do piloto.

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Crédito: Reprodução/Facebook – Mais do que um personagem secundário qualquer, a irmã de Laura promete ser peça-chave na trama

Obs: Não, não vou me arriscar ao palpite de quem está mentido. Tenho minhas apostas, é claro. Mas por serem só apostas, acho melhor deixar o roteiro apresentar a verdade.